segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Pérolas da tia Clarice

“Já tentei olhar bem de perto o rosto de uma pessoa – uma bilheteira de cinema. Para saber do segredo de sua vida. Inútil. A outra pessoa é um enigma.”

“Não se sabe se essa criança teve que passar pela via crucis. Todos passam.”

“Eu escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém. Provavelmente, a minha própria vida.”

“Pois também eu solto as minhas amarras: mato o que me perturba e o bom e o ruim me perturbam, e vou definitivamente ao encontro de um mundo que está dentro de mim, eu que escrevo para me livrar da carga difícil de uma pessoa ser ela mesma.”

(Clarice Lispector)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Meu português preferido



Se tens um coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia.
(José Saramago)

*deus, me dá dinheiro pra comprar o livro mais novo dele?*

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Anti-social Virtual

Fato: pessoas que têm muitos amigos virtuais, têm poucos amigos de verdade. Quando têm.
Eu penso na infinidade de pessoas que vejo por aí com 800 amigos no orkut, 500 no facebook, 300 seguidores no twitter... e não fazem ideia de quem são aquelas pessoas. Foram adicionando. A coisa da popularidade. (E, aqui, eu lembro de Woody Allen dizendo que bambolês eram populares, epidemias de tifo eram populares. E concluindo com o clássico “quantidade não representa qualidade”) E, assim... desculpa, mas eu não vou acreditar que ninguém conhece 800 pessoas com as quais já conversou ao menos uma vez. E, mesmo assim... Conversou 20 minutos em 2004, que seja! Pq raios manter essa pessoa entre seus contatos?
Eu sou uma anti-social virtual. Não era, confesso! Afinal, a Internet já foi uma novidade e, naquela época (tiazona total), era bacana conhecer – entre muitas aspas – novos amigos – mais aspas ainda aqui. Mas, convenhamos, esse mundinho virtual já é so last year. Ele existe, já não é algo novo. E, mesmo passando boa parte da minha vida conectada, eu me tornei uma tremenda de uma anti-social. Com orgulho.
O orkut, por exemplo. Todas aquelas pessoas estão lá por um motivo. Se passa um certo tempo e a permanência deixa de fazer sentido, eu deleto, sem pena. E, não, não quero fazer mais amigos. Você é uma pessoa incrível do Acre e quer ser minha amiga? Problema seu. Não vou te adicionar. Acredite, existem pessoas tão legais quanto eu no Acre; procure-as aí. Você achou meu perfil legal? Problema seu; frankly, my dear, I don´t give a damn. E, não, não vou te adicionar; ainda mais pq meu perfil não tem absolutamente nada, nem uma mínima parte de quem eu sou. Ah, e você quer me adicionar pq me achou bonita? Boa notícia pra você: você enxerga bem. Má notícia: eu não adiciono pessoas pq elas enxergam bem. Que fique bem claro, eu adiciono quem eu conheço. Pessoas com quem eu mantenho contato. Só.
E o MSN? Quando eu penso no tempo que eu já perdi conversando com pessoas desconhecidas, nos meus 17/18 anos, fico até tensa. Meu deus! Já tive 630 contatos no MSN. Hoje tenho 80. Quando entro – o que é raro, graças! – converso com 5 ou 6 pessoas. Pq essas 80 pessoas são pessoas que eu conheço e – ohmygod! – como é mais legal sair com elas pra tomar sorvete (ou comer comida mexicana) e conversar. O MSN fica pra recados rápidos, combinar coisas... E, de novo, não vou adicionar ninguém que eu não conheça.
Aí veio o twitter. Alguém me explica pra que seguir alguém que eu não conheço? Que interesse eu tenho em saber o que alguém que eu não conheço come, qual filme essa pessoa assistiu ou, até mesmo, o que ela pensa da vida? Nenhum, certo? Aí aparecem essas pessoas do nada me seguindo e eu sou obrigada a pensar “oi?”. Pq raios elas me seguem? Ó, minha vida não é de seriado americano, eu não dou dicas arraso de nada e não sou super antenada com tendências de coisa alguma. Se você não me conhece, qual o interesse que você tem em mim? Isso é tão absurdamente sem sentido... Pior qdo as pessoas seguem só pra arranjar mais seguidores. AVISO: isso não funciona comigo, já saí da terceira série. Estou muito bem seguindo as dezenas – e só dezenas – de pessoas que conheço e um ou outro twitter de notícias ou vagas de emprego. É o que me interessa. Reth Butler way of life.
Que ninguém pense que eu sou rebeldinha, contra amizades virtuais e afins. Não mesmo! Eu só prefiro utilizar as tais redes sociais como um facilitador para estar sempre em contato com meus amigos de verdade. E, acreditem, eu fiz muitos amigos de verdade na Internet, pessoas pra quem conto minha vida, que se jogam no Darta comigo, que tomam tubaína comigo num sábado à noite... Amigos. De verdade. Que não moram no Acre, btw.
Sabe, o Rei jamais disse que queria ter 1 milhão de seguidores no twitter, 1 milhão de amigos no orkut. Ele disse só que queria ter 1 milhão de amigos. É o que eu quero. Aliás, prefiro até ter BEM menos de 1 milhão. Eu só quero ter amigos de verdade, não importa quantos sejam. Amigos com quem eu troque emails e converse no MSN, ok. Mas amigos que eu possa abraçar e conversar lado a lado e rir olhando nos olhos. É brega, mas é o que importa.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Mar Adentro

- Ninguém pode se apaixonar por um tetraplégico? É algo tão estranho?
- Bem, é melhor esclarecermos algumas coisas. Ainda mais se falamos de algo tão complexo como é o amor.
- Complexo?
- Sim, complexo. Por mais que você me diga agora que me ama, eu não posso ter certeza se é amor de verdade ou fantasia sobre o homem com quem sonhou, mas nunca encontrou. Ou não durou.
- Do que está falando? Não me confunda. Ou se ama ou não se ama. Não é possível racionalizar o amor.


quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Turn back, Sarah. Turn back before it's too late.


Ela entrou na sala. Cega com toda aquela luz de dentro. Talvez jamais se acostumasse com tanta luz. Talvez não precisasse mais se acostumar. Eram os cristais, os espelhos. A luz propagava, multiplicava, brilhava, cegava.
Respirou fundo. Estava criando coragem para este momento há semanas e, agora, percebia o quanto talvez não estivesse preparada.
Ele estava de costas. Ele, como a sala, brilhava. Virou-se, abriu o mais lindo e enigmático dos sorrisos e disse:
- Chegou cedo, Sarah!
Ele a desconcertava.
- Eu preciso falar com você.
- Eu sei que precisa, Sarah.
Ele a aterrorizava.
- Sabe? Como você sabe?
- Eu sei tudo, Sarah. Tudo sobre você.
Ele a assustava.
- Então... - hesitou. - Você... você...
- Se eu sei o que você vai dizer, Sarah?
Ele sempre dizia o nome dela. Era seu pequeno feitiço.
- Sabe?
- Sei, Sarah.
Ele ainda sorria. Ele a surpreendia.
- Então...
- Quando você vai, Sarah?
Simples. Direto. Ele despertava sua admiração.
- Agora.
Silêncio. Incômodo. Ele a sufocava.
- Eu quero ir agora.
- Tudo bem, Sarah.
Ainda sorrindo. Confortador. Ele a encantava.
Ela não sabia o que dizer.
- Você tem certeza, Sarah?
Ele despertava sua paixão.
O brilho aumentara?
- Eu gostaria que você ficasse, Sarah.
Adoração.
- Eu gosto tanto de você, Sarah.
Veneração.
- Eu te amo, Sarah.
Ilusão.
E aquele brilho insuportável. Era parte do efeito.
Ela precisava ser firme, ser forte.
- Eu quero ir. Agora. E, por favor, se você me ama mesmo, não diga mais nada.
Sorrindo ainda.
- Como queira, Sarah. Posso só te perguntar...
- O motivo?
Era a vez dela de completar. De já saber.
- Sim... Sarah!
- Eu cansei. Cansei de estar aqui por você, enquanto o mundo desaba. Eu preciso ter a minha vida.
- Eu compreendo, Sarah.
Sempre compreensivo. Sempre arrebatador.
- Estou indo.
Aproximou-se. Devagar. Beijou a face dele. Abraçou-o. Ele correspondeu ao abraço. Calorosamente. O calor vinha só dele ou era culpa de toda aquela luz?
Em frente a ele, sorriu.
- Obrigada. Por tudo.
Sem resposta.
Saiu. Caminhava até a porta.
- Sarah!
Voltou-se. Esperando a palavra final dele. Por um momento, mesmo sabendo que sofreria depois, quis que ele a impedisse de ir.
- Sim...?
- Você vai se esquecer de tudo. De tudo o que vivemos. É o que acontece quando as pessoas saem daqui, Sarah!
Ela não tinha certeza de que queria esquecer.
- É como se eu precisasse ir. Só isso.
- Tudo bem, Sarah.
Ela não queria esquecer aquele sorriso. Não podia. Maldita hora em que decidira ir embora. Antes que ele percebesse a lágrima tola que se formava em seu olho, virou-se, mais uma vez, para ir embora.
- Sarah!
Ela parou, mas não se virou. As lágrimas já desciam pelo rosto agora, sem controle algum.
- Quando você sentir dor... ou quando as coisas não fizerem sentido para você... eu estarei aqui por você. Enquanto o mundo desaba. Eu sempre estive aqui por você. Só que você nunca percebeu, Sarah.
Fechou os olhos com força. Sussurrou: "eu te amo".
E, então, abriu os olhos. Chorara enquanto dormia. De novo. Não conseguia lembrar do sonho, só de muita luz e de um sorriso inebriante.
De camisola, caminhou até a janela. Nevava. Tinha tanta, mas tanta coisa para resolver em sua vida. Talvez chorasse por isso. Mas costumava acordar com uma sensação boa. Como se, em algum lugar, existisse alguém que sempre estaria ali por ela, enquanto a neve caía. Enquanto o mundo desabava.
Voltou para a cama e dormiu.

sábado, 7 de novembro de 2009

e aí o neruda me disse:




"Você deve ser a pior jornalista deste país, filha. É incapaz de ser objetiva, coloca-se no centro de tudo, e suspeito que mente bastante e quando não tem uma notícia, inventa-a. Porque não se dedica antes a escrever romances? Em literatura esses defeitos são virtudes."

(Pablo Neruda disse isso a Isabel Allende. Mas poderia ter falado pra mim... É que não tivemos a oportunidade de um encontro.)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

micro conto patético

ele sempre dizia "eu nunca vou desistir de você".
ela ficava encantada.
ele desistiu.
fim

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O dia em que eu revi os smurfs



Quando eu era pequenina, bem pequenina, eu tinha verdadeira adoração pelos smurfs. Era meu desenho preferido, eu tinha bonequinhos... Não preciso nem dizer que eu achava que eles existiam de verdade.
Um belo dia, minha mãe (também conhecida como Sra. Melhor Mãe do Mundo), me levou pra assistir a uma peça dos smurfs. E lá estava eu vendo aquelas criaturinhas azuis. NA MINHA FRENTE! Pertinho. Tão real, tão de verdade... E a casa do Papai Smurf girava no palco e eu podia ver dentro. Era tão, mas tão mágico!
Do alto dos meus 3/4 anos, me encantei por completo. Passei a peça toda de boca e olhos arregalados, com aquele brilho no olhar que a gente tem só quando tem até 1 metro de altura e acorda na manhã do dia 25 de dezembro e encontra a árvore de Natal LOTADA de presentes reluzentes.

Eu achei que nunca mais fosse me sentir assim, que esse encantamento fosse parte da infância e que, passando de 1 metro (não muito, aliás), a gente perdesse essa capacidade de enxergar a mágica e arregalar olhos e boca o máximo possível, incontrolavelmente.

Sábado passado eu fui assistir ao Grupo Galpão, no Parque da Independência. A peça era "Till". Um lugar aberto, milhares de pessoas, lua quase cheia, clima ameno. Eu, sentada no chão, na lateral do palco, com vista privilegiada de peça e bastidores.
E, de repente, com menos de 20 minutos de peça, aconteceu. Meus olhos foram se arregalando, a boca idem. Logo, chegou o brilho de visão natalina. Aquilo era ainda melhor do que todos os presentes que o bom velhinho poderia me dar.
Era uma perfeição de texto, interpretação, vozes, efeitos, cenário, figurino, música, maquiagem... E luz, e cor, e som e fúria.
Me senti com 3 anos.
Me senti no dia 25 de dezembro.
Me senti revendo os smurfs.
"Lala-la-la-la-la, sing a happy song..."
Encantada.
O Grupo Galpão é pura mágica.
O mediador de um vislumbre mais alto.
E, ainda bem, eu estava preparada para receber a mensagem desse vislumbre.

O encanto mágico do teatro, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal. O xamã que é o porta-voz do deus, o dançarino mascarado que afasta os demônios, o ator que traz a vida à obra do poeta - todos obedecem ao mesmo comando, que é a conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Converter essa conjuração em "teatro" pressupõe duas coisas: a elevação do artista acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no mediador de um vislumbre mais alto, e a presença de espectadores preparados para receber a mensagem desse vislumbre.
(Margot Berthold)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

faz parte do meu show

- eu contei.
- e ele?
- não sei.
- como assim?
- não vi ele depois. ele não ligou.
- mas o que ele fez na hora exata em que você contou?
- eu não sei.
- você fechou o olho?
- eu escrevi numa carta.
- ah, não me diz que foi em folha de caderno.
- foi.
- com caneta bic?
- aquelas de 4 cores.
- isso é tão a sua cara.
- é.
- mas como você fez? entregou, disse "tó" e saiu correndo?
- não. ele tava dormindo. deixei do lado da cama, dei um beijo nele e saí.
- isso é tão filme da sessão da tarde.
- é.
- e o que você escreveu?
- pouca coisa. tinha uma letra de música.
- isso é tão anos 80.
- é.
- não precisa dizer que música era, mas, de quem era?
- cazuza.
- meu deus! você é tão anos 80.
- é...

domingo, 1 de novembro de 2009

brincar de twitter fake é vida!

- @fantasmadapublicitariadefunta adivinha quem voltou?
- @vacaverde nao tenho ideia!
- @caldeiraozinho Quem voltou!!?
- @esquilowithlasers WHAT THE FUCK????
- @ghostthug qqqq
- @van_do_scoobydoo não tô entendendo nada!! #comofas
- @yozombie Nem eeeeuuuu #mafiawarsdocapeta
- @default_don oi?
@capeta que minha o q? tá louco? #mafiawars
@default_don2598 pq tem tantos default dons por aqui, hein?
- @defaultDONNA OI!!!!
@ghostthug BOOOOOOOO!
- @default_traveco_donnah_butterfly OOOOOOOOOOOOOOOOIÉEEEEN!
@maodofrankensteincomfichasdepoker oyu eru digtito oyu larfgo asd fgichas der polker
- @montanharussaquebrada cuidaaaaaaaaaaadoooo to quebradaaa genteee
- @gordinha tá bom, fui eu que quebrei a @montanharussaquebrada . #prontofalei
@yozombiesemcerebro dãããããããããããar
- @zynga CHEGA!
- @esquilowithlasers moçada, o boss chegou. parou a palhaçada aí.
@capeta isso aí! parou. e, se não parar, vai todo mundo pro #inferno
@default_don oi?
@yozombiesemcerebro dãããããããããããar
(...)
- eu preciso fazer uma coisa AGORA
- OQ

fiz.