quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Diário da Emília - 02/01

Hoje eu estou triste. A Laurinha deu pra Tete a boneca que ela ganhou no ano passado, pois ela ganhou uma nova no Natal. Eu não queria uma boneca. Mas a Laurinha é da minha sala, ela não tem que visitar minha irmã e nem que dar presente pra ela. A Tete ficou tão feliz com a boneca. Quando ela foi tomar banho eu peguei a boneca e coloquei no colo, como se ela fosse um bebê. E cantei pra ela, que nem a mãe cantava pra gente. A mãe viu e perguntou se eu queria uma igual e eu disse que não, que era uma coisa boba. O pai ia ter vergonha de mim se eu brincasse de boneca. Mas era legal cuidar dela, cantar pra ela... Mas que bobagem! Quando eu tiver filhos, eu vou cuidar deles e cantar pra eles. O pai e a mãe querem um montão de netos, então eu vou ter um monte de filhos. A mãe disse que é pecado quando a gente tem vontade de ter o que os outros tem. Cobiça. É como chama. Eu tive vontade de ter a boneca da Tete, mas foi só um pouquinho... Será que eu pequei? Eu vou rezar uns vinte Pai-nossos, pra não ter problema...

Emília

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reflexão dos Justos

Foi trabalhar para todos...
- e vede o que lhe acontece!
Daqueles a quem servia,
já nenhum mais o conhece!
Quando a desgraça é profunda,
que amigo se compadece?

Não choram somente os fracos.
O mais destemido e forte,
um dia, também pergunta,
contemplando a humana sorte,
se aqueles por quem morremos
merecerão nossa morte?

Ambição gera injustiça.
Injustiça, covardia.
Dos heróis martirizados
nunca se esquece a agonia.
Por horror ao sofrimento,
ao valor se renuncia.

E, à sombra de exemplos graves,
nascem gerações opressas.
Quem se mata em sonhos, esforço,
mistérios, vigílias, pressas?
Quem confia nos amigos?
Quem acredita em promessas?

Que tempos medonhos chegam,
depois de tão dura prova?
Quem vai saber, no futuro,
o que se aprova ou reprova?
De que alma é que vai ser feita
essa humanidade nova?

* Cecília sempre me emocionou com o Romanceiro da Inconfidência. E esse trecho sempre foi especial pra mim. Reflexão dos Justos. Pois é.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Diário da Emília - 26/12


Meu nome é Emília e eu tenho 10 anos. Ganhei esse diário do meu pai, de Natal. Ele me disse que era um presente útil e não uma bobagem qualquer; eu acho que meus irmãos preferiam uma bobagem qualquer, pois eles fizeram cara de que não gostaram nem um pouco do presente. Ah, eles também ganharam diários, mas o da Tete é rosa e o do Aldo é azul. A Tete chorou de noite e disse que tinha vergonha de contar pros amigos da escola que só ela não ganhava brinquedos do Papai Noel, porque todas as outras meninas ganhavam bonecas. Eu disse que Papai Noel não existe, que é o papai que compra os presentes pra gente. A Tete é boba de acreditar em Papai Noel. Na igreja, o padre disse que Deus está presente quando a gente não vê. Papai Noel não pode ir na casa de todas as crianças sem ninguém ver, porque aí ele seria que nem Deus, o que não pode ser DE FORMA ALGUMA! O Aldo queria ganhar um carrinho. Que coisa idiota! Os meninos são muito idiotas, eles gostam de coisas chatas e eles desrespeitam os mais velhos sempre. Ontem, no jantar, na hora das orações, quando papai perguntou qual era o significado do Natal, ele disse baixinho "ganhar presente". Aí eu disse: "O Aldo disse que é ganhar presente, mas eu acho que é o nascimento de Jesus". E o papai ficou feliz por eu ser uma filha boa. E o Aldo não ganhou pudim, pra aprender. Agora meus irmãos estão preocupados com o que os colegas vão dizer, já que eles nunca têm brinquedos novos. Eu nem ligo. Brinquedos são bobagens, não servem pra nada. E o pai disse que, nesse diário, eu vou poder escrever sobre tudo o que eu aprendo e que me torna uma pessoa melhor. Eu aprendo coisas na escola, mas eu agora tô de férias. Eu aprendo com o padre João e quando eu leio a Bíblia (mas eu tenho que perguntar pra mãe as palavras que não entendo e é bom que eu aprendo novas palavras). Mas eu aprendo mais com o pai e a mãe e eles me tornam uma pessoa melhor. E, nesse Natal, eu só pedi pra Deus proteger minha família.

Emília

domingo, 10 de janeiro de 2010

Yellow Submarine

Diálogos imortais que mostram pq a gente se divertia tanto trabalhando no Sub:

G - ... a casa da Maria Joana?
eu - Maria? Não é Mãe Joana?
G - Maria também foi mãe!
(parece que alguém se recusou a assumir um erro, rs)

A - Imagina se todo mundo usasse dentadura.
G - A gente não ia gastar mais dinheiro com celular.
(oi?)

contexto: eu, G e A em casa, vendo fotos, aparece uma foto minha de óculos.
G - Mas você usa óculos?
(G me conhecia há 1 ano e 3 meses. De novo: oi?)

eu - Parece que eu esqueci algo. Tô sentindo falta de alguma coisa...
P - Do sutiã?
(a sutileza de P me fez decidir não usar mais tomara-que-caia. fato.)

D - A Hello Kitty é tão fofa.
G - A Hello Kitty não é de Deus.
eu - Ela não tem boca.
D - Ela não tem boca?
eu - Não.
(silêncio)
D - Se ela não tem boca, como é que ela é gordinha?
(grandes mistérios da humanidade...)

G - É um disquete moderno.
(como explicar o que é um pendrive)

G - É um penico moderno.
(essa seria a definição de comadre para a pessoa mais didática ever)

P - Eu sempre nasci em Osasco.
(pq ela gostava de compartilhar detalhes sobre suas vidas passadas com a gente)

* simplesmente pq me bateu saudade desses tempos...