quarta-feira, 29 de maio de 2013

Bilhetes

- "Toda vez que te vejo percebo que a química realmente existe. Em mim, um rebuliço de elétrons, prótons, nêutrons. Todos os meus átomos enlouquecem numa ânsia desvairada por te encontrar. Fico elétrica, viro uma pilha humana. E nenhum químico jamais encontrará remédio para o que sinto. A certeza de que te venero é tão clara para mim quanto H2O, com toda sua polaridade e seu ângulo de 104°28'. Vamos fazer uma ligação iônica?"
- Não acredito que você mandou isso pra ele, Marcela!
- Mandei, Renata, pior que mandei!
- Pior por que?
- O idiota do Pedro só ajeitou o óculos, fez uma linda bolinha de papel e... cesta!
- Que idiota!
- Eu sei!
- Só não entendi o final.
- Ô, anta, que que é ligação iônica?
- Metal com não metal.
- Então... - Sorri. Meu aparelho brilhava sob o sol de domingo.

***

- "Hoje, na aula de Física, me pus a pensar. Quais os movimentos que terei que faazer pra te conquistar? Retilíneos uniformes? Uniformemente variados? Parece que você se cercou de resistores, que não permitem minha aproximação. Estou passando por uma transformação adiabática: meu volume diminuiu, minha temperatura e a pressão sobre mim aumentaram. Será que você me explicaria a teoria da atração dos corpos?"
- E?
- Outra belísima cesta, Renata! Estou gastando meu talento à toa.
- Será que ele tá entendendo?
- Rê, ele é o mais inteligente da classe.
- Mas você é poética demais!
- Quem sabe...

***

- "Matematicamente falando, eu E você! Quero somar-me a você, para subtrair a angústia que sinto. Quero dividir com você meus bons e maus momentos para multiplicar minha alegria. Quero elevar minha felicidade ao quadrado. Está certo que somos gráficos diferentes, mas será que você não descobriria a intersecção?"
- Esse tá bonito.
- Tá lindo... lá no lixo da escola.
- Que que você vai fazer agora, Lela?
- Não sei! Eu cansei já. Agora é o último.

***

- "Já percebi que é um ótimo jogador de basquete. Mas não é tão inteligente quanto pensava, perdeu a oportunidade de ficar comigo."
- E ele?
- Esse ele guardou.
- Que esquisito!
- Ele que se dane!

***

- "Ao contrário do que pensa sou um gênio. Será que a magnífica poeta voltaria atrás e me encontraria na lanchonete às 15h30?"
- Nossa! Estou surpresa!
- E eu, encantada, Rê! Que horas são?
- 15h15... Boa sorte, Lela!

(eu lia tantos livros pra adolescentes que, com 14 anos, resolvi começar a escrever minhas próprias histórias pra adolescentes... rs)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Eu li num livro 30



Livro: A Queda

Autor: Guillermo del Toro e Chuck Hogan

Doses de sabedoria:

* - Poder revelado é poder sacrificado - disse Setrakian. - Os verdadeiros poderosos exercem sua influência de maneiras invisíveis e imperceptíveis. Alguns dizem que uma coisa visível é uma coisa vulnerável.

* Mesmo quando alguém percebe que o que está fazendo é loucura, aquilo continua sendo loucura - arrancar o coração morto do peito da própria esposa e conservar o órgão deturpado batendo com a ansiedade de um verme sanguíneo dentro de um vidro de picles. "A vida é loucura", pensou Setrakian, depois de terminada a carnificina, olhando em torno da sala. " E o amor também é".

terça-feira, 21 de maio de 2013

Alegrelândia


Era uma vez uma cidade onde todos eram alegres.

Lá era uma cidade muito bonita com árvores, flores, pássaros, rios e, principalmente, muita alegria.

As casas eram bonitas e viviam com as portas abertas para os vizinhos entrarem e conversarem, as janelas abertas para ver as crianças brincando e, principalmente, todos tinham um grande coração, que vivia aberto.

A rua principal chamava Rua Alegria. É nela que ficavam a prefeitura, o Cine Sorriso - cinema da cidade - e a Escola da Alegria.

Na prefeitura, sempre se encontrava o prefeito João Só Ri.

Na escola sempre estavam a professora Camila Risadinha e sua aluna mais inteligente e risonha, Maria Gargalhada.

Em Alegrelândia era proibido chorar.

(mais um texto dos meus 7 anos... super otimista e com ares de mudança do mundo... rs)

sexta-feira, 17 de maio de 2013

A borracha


Apaga, a borracha
Apaga lentamente
A vida se acha
Apagada de repente

Coisas ruins se acham
Agora apagadas
Mas as boas sumiram
Que borrachas malvadas!

Deslizando no papel
Lá vai a borracha
"Merecemos o céu!"
Diz a sua faixa

Ela quer o céu
Mas não tem alma
Pois, se tivesse,
Apagaria... com calma!

(mais um tema desafio, proposto por uma amiga... oi?)

quarta-feira, 15 de maio de 2013

O homem não precisa de violência


É certo que problemas de origens diversas sempre assolaram a humanidade. E a resolução tomada em relação aos mesmos, quase sempre, foram os atos de violência verbal e física.

Mas essas opções não precisariam ser cometidas se o homem tivesse tomado consciência e utilizado o seu maior dom: a palavra. Na pré-história, quando grunhidos e pinturas rupestres poderiam ter simbolizado desejos humanos, o homem utilizou-se da violência no modo mais grotesco possível: na conquista da mulher amada.

Ao longo dos anos, a violência passou a reinar no mundo. Desavenças familiares, brigas entre amigos, problemas sociais, políticos e econômicos, sentimentos, desrespeito, ódio sem fundamento: tudo era motivo para guerra. O homem violentava e era violentado.

Hoje em dia, jornais, rádio, televisão, enfim, os meios de comunicação, incentivam a violação indiscriminada de nossa mente. Tratados de paz suavizam uma guerra, e outra eclode em seguida. Pessoas inocentes são manipuladas pelo ódio sangrento de outras, tornando-se verdadeiros robôs. Morte, roubo, tiroteio, agressão; se tornaram palavras frequentes em nosso vocabulário. Crianças brincam com armas. A violência influencia nossa vida, deixa marcas profundas na humanidade, marcas difíceis de serem esquecidas.

O único desejo que temos é o de um mundo mais calmo e tranquilo, fato que prova que não precisamos de violência. Pena que seja só uma vontade, praticamente impossível de realizar.

(2º colegial, tema - o homem não precisa da violência, redação nota 9,5, de 29 de fevereiro de 1996)

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Sobre distâncias e oceanos


Às vezes há um oceano entre você e uma pessoa. Literalmente. E ele provoca uma distância incontornável. Que é ruim, de alguma forma. Existe internet e tudo mais, que podem amenizar. Tornar mais suave. Mas o oceano existe, fisicamente, impossibilitando olhares e abraços.

Às vezes você descobre que há um oceano entre você e uma pessoa que está ao seu lado. E essa é a pior distância, a distância de quem tá do seu lado. Essa distância não pode ser amenizada por recurso algum. Nem internet. E essa distância veta olhares e abraços. Essa distância faz com que nada seja como era antes.

Às vezes você descobre - e isso dói mais que o oceano real e o oceano imaginário até - que esse oceano não existe de verdade, foi criado por você. Foi você que foi sendo uma pessoa péssima e colocando gota a gota aquele oceano ali. Ou pior - fazendo com que o outro, de conta-gotas na mão, as colocasse. Foi você que foi ficando cego pro que o outro fazia - uma gota. Foi você que foi reclamando do que não devia - uma gota. Foi você que foi cobrando o que não podia - uma gota. Foi você que foi se descontrolando - uma gota. Foi você que foi deixando o afeto vazar de forma errada - uma gota. Foi você que não soube expressar afeto e gratidão - uma gota. Foi você que foi transformando medo e saudade em gotas e mais gotas. E ser uma pessoa péssima com uma pessoa maravilhosa criou um oceano.

Um oceano em que você não sabe navegar. Um oceano que você não sabe se deve aceitar apenas ou enfrentar. Um oceano que cabe ao outro drenar e independente das suas vontades. Um oceano que está te afogando... E acaba vazando por você mesmo. É a água salgada desse oceano que sai por seus olhos... Como se você tentasse chorar o oceano pra que ele não exista mais...

sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Rosa




Sou uma rosa. Minha história começa quando eu era uma semente. Seu João, o dono do sítio onde vivo hoje, comprou a minha semente e as sementes de outros tipos de flores. Plantou todas num belo jardim e hoje somos belas flores.

No jardim onde vivo há todas as flores: violetas, margaridas, cravos, etc. Mas rosas, como eu, só duas. Sou uma rosa vermelha. As duas amigas são uma rosa branca e uma rosa.

Fico feliz em ver os animais da fazenda. Os cavalos correndo, as vacas com seus bezerros, os pássaros, os insetos. De vez em quando pousa uma abelha em mim. Também gosto de abelhas.

Adoro ver os filhos do dono correndo, brincando, andando a cavalo. Ele tem dois filhos que adoram subir em árvores e uma filha que adora flores.

Tenho medo que me arranquem. Um dia, a filha do seu João veio andando em direção ao jardim. Primeiro regou todas as flores, depois me arrancou.

Hoje sou só algumas pétalas no chão e um caule num saco de lixo.

(aí eu voltei mais ainda no tempo, encontrando um caderno em que eu escrevia historinhas minhas, quando tinha 7 anos... e morri de alegria vendo que eu sabia usar vírgula!)

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sol em conjunção com Lua natal


Brilho pessoal!


Todos os anos, sempre entre os dias 03/05 (Hoje) e 21/05, o Sol em trânsito se conjuga à Lua do seu mapa, Talita. Este tende a ser um período feliz e de particular brilho pessoal, mas só se você estiver colaborando para esta felicidade. Traduzindo em miúdos, este ciclo age como uma espécie de "catalisador" para aqueles que vêm tomando atos construtivos e que estão se empenhando em algum projeto que envolva o próprio desenvolvimento. Para aqueles que se encontram na inércia, este ciclo também não deixa de ser positivo, e tem a ver com uma "sacudida" que o Universo dá na pessoa, estimulando-a a despertar, a acordar pra vida.

O efeito deste trânsito é o de uma "lua nova pessoal", um período propício para os novos inícios, para lançar-se em projetos novos. A sensação associada é a de renovação. Procure dar atenção aos seus impulsos de alma neste momento, pois, por mais "loucos" que lhe pareçam, eles estarão provavelmente lhe revelando os seus caminhos naturais para este período.
O Sol ilumina a Lua, Talita, o que sugere um período de maior consciência pessoal, uma fase de descobertas pessoais importantes; é provável que você venha a "se tocar" de aspectos de sua vida que estavam particularmente inertes e que você precisa se livrar. Neste período, cuja palavra-chave é a consciência, você se apercebe de hábitos e comportamentos que talvez tenham lhe agradado por muito tempo, mas que você precisa deixar para trás, a fim de se tornar uma pessoa melhor. E o mais interessante é que sua alma estará propensa a este ato de renovar-se. Aproveite!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Cultura


Não existe fórmula mágica para se adquirir cultura. Não existem os livros certos que você precisa ler, ou os filmes certos que você precisa ver. Não há uma quantidade certa de livros a ler, filmes a ver, peças a assistir, filósofos e pensadores a conhecer, assuntos a dominar. Ter cultura não tem a ver com quanto ou com qual. É toda uma questão de como. Como você percebe, como você usa, como você difunde, como você leva aos outros, como você aproveita.

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Eu li num livro 29




Livro: Carmen Miranda

Autor: Luiz Henrique Saia

Doses de sabedoria (e de muito amor):

* Ela possuía o impressionante poder de fascinar. Dizem que não tinha voz, que era até desafinada, mas que, mesmo assim, era gostoso ouvi-la cantar. Certa vez,alguém que escutava uma gravação sua comentou: "Que interessante! A gente não está ouvindo, está vendo. Parece que a cantora está dentro da vitrola!".

* Havia restrições quanto à voz de Carmen, fato que pouco importava por ser ótima intérprete. Clownesca, maliciosa, picante e contagiante, ela sabia dar seu recado com humor e muita bossa. (...) É verdade, sua voz não era lá maravilhosa, até ardida, diriam uns.

* Vestindo suas baianas e usando seus trejeitos extravagantes, Carmen atendeu às necessidades que tem o povo norte-americano de consumir o exótico.

* "Só uma cantora está no nível de Carmen Miranda: Elis Regina. As duas partilham uma vivacidade, verve, uma intensidade que me parecem entorpecidas sob baianismos e outras forças estranhas." (Paulo Francis)

* "Ela tinha muita presença, muita personalidade, apesar de desafinar." (Joubert de Carvalho)

* Carmen retornou várias vezes à Argentina e, em 1935, tem conhecimento de uma jovem atriz chamada Eva Duarte que, apaixonada pelas suas apresentações, ia todas as noites em seu camarim fazer eloquências e até descobriu o endereço do apartamento de Carmen, que muitas vezes ficava irritadíssima com tal presença constrangedora. A futura Eva Peron era tão fanática que tornava-se inconveniente.

* Sonja Henie (patinadora alemã importada por Hollywood) usa uma roupa de baiana que ganhou de presente de Carmen em uma festa a fantasia em um navio e turistas a aplaudem histericamente, gritando "Carmen", "Samba". Ela ganha o 1º prêmio no concurso de fantasias e o empresário americano Lee Schubert (amante de Sonja) contrata Carmen e a leva pros EUA.

* "Não estou entendendo nada. Como é que esses gringos gostam de uma coisa que não entendem? (Carmen, após seu 1º show na Broadway)

* Os diretores sempre a deixavam atuar como achasse necessário. Carmen não queria (e nem precisava) que ninguém a dirigisse.

* Oito meses após sua chegada, uma pesquisa realizada em Nova Iorque apontava-a como a terceira personalidade mais popular da cidade, fazendo frente até ao famoso prefeito Fiorello La Guardia. Em 1946, no apogeu da carreira, considerando todas suas atividades, foi a mulher mais bem paga nos EUA.

* No cinema, era sempre a coadjuvante que roubava a cena (teve até uma cena inteira cortada de "Scared Stiff", por ordem de Jerry Lewis, por causa disso).

* Lojas da 5ª Avenida começaram a vender trajes inspirados em seu visual: saias rodadas multicoloridas, balangandãs nos braços e pescoço, turbantes enormes enfeitados com frutas e flores, tamancos de saltos altíssimos, brilho fulgurante de lantejoulas e lamês e as unhas e os lábios vermelho-escarlate.

* "Aqueles decotezinhos... aquele busto aparecendo... a boca e tudo o mais... o pessoal dizia: 'Ih! Mas é real mesmo?'. Porque lá todo mundo é despeitado, né?! O sucesso que fez foi uma coisa impressionante porque eles perguntavam se era real ou postiço." (Aurora Miranda)

* "Posso ainda acrescentar que é muito maior do que se pensa e se tem escrito a influência de Carmen na moda feminina norte-americana." (Mme. Rosita)

* "Como mulher era comportada, séria. Tinha lá seus amores, mas nunca deu margens a disse-me-disse, porque era franca, dava respostas na cara de quem merecia. Daí, ser muito respeitada por todos. Nunca ouvi sequer um comentário a seu respeito, não tinha o comportamento escandaloso de outros artistas da época." (Braguinha)

* "Almirante, eu sou realmente brasileira. Apenas nasci em Portugal." (Carmen)

* Na lápide de sua sepultura foi escrito: "Taí, eu fiz tudo para o Brasil gostar de mim".