quarta-feira, 1 de maio de 2013

Eu li num livro 29




Livro: Carmen Miranda

Autor: Luiz Henrique Saia

Doses de sabedoria (e de muito amor):

* Ela possuía o impressionante poder de fascinar. Dizem que não tinha voz, que era até desafinada, mas que, mesmo assim, era gostoso ouvi-la cantar. Certa vez,alguém que escutava uma gravação sua comentou: "Que interessante! A gente não está ouvindo, está vendo. Parece que a cantora está dentro da vitrola!".

* Havia restrições quanto à voz de Carmen, fato que pouco importava por ser ótima intérprete. Clownesca, maliciosa, picante e contagiante, ela sabia dar seu recado com humor e muita bossa. (...) É verdade, sua voz não era lá maravilhosa, até ardida, diriam uns.

* Vestindo suas baianas e usando seus trejeitos extravagantes, Carmen atendeu às necessidades que tem o povo norte-americano de consumir o exótico.

* "Só uma cantora está no nível de Carmen Miranda: Elis Regina. As duas partilham uma vivacidade, verve, uma intensidade que me parecem entorpecidas sob baianismos e outras forças estranhas." (Paulo Francis)

* "Ela tinha muita presença, muita personalidade, apesar de desafinar." (Joubert de Carvalho)

* Carmen retornou várias vezes à Argentina e, em 1935, tem conhecimento de uma jovem atriz chamada Eva Duarte que, apaixonada pelas suas apresentações, ia todas as noites em seu camarim fazer eloquências e até descobriu o endereço do apartamento de Carmen, que muitas vezes ficava irritadíssima com tal presença constrangedora. A futura Eva Peron era tão fanática que tornava-se inconveniente.

* Sonja Henie (patinadora alemã importada por Hollywood) usa uma roupa de baiana que ganhou de presente de Carmen em uma festa a fantasia em um navio e turistas a aplaudem histericamente, gritando "Carmen", "Samba". Ela ganha o 1º prêmio no concurso de fantasias e o empresário americano Lee Schubert (amante de Sonja) contrata Carmen e a leva pros EUA.

* "Não estou entendendo nada. Como é que esses gringos gostam de uma coisa que não entendem? (Carmen, após seu 1º show na Broadway)

* Os diretores sempre a deixavam atuar como achasse necessário. Carmen não queria (e nem precisava) que ninguém a dirigisse.

* Oito meses após sua chegada, uma pesquisa realizada em Nova Iorque apontava-a como a terceira personalidade mais popular da cidade, fazendo frente até ao famoso prefeito Fiorello La Guardia. Em 1946, no apogeu da carreira, considerando todas suas atividades, foi a mulher mais bem paga nos EUA.

* No cinema, era sempre a coadjuvante que roubava a cena (teve até uma cena inteira cortada de "Scared Stiff", por ordem de Jerry Lewis, por causa disso).

* Lojas da 5ª Avenida começaram a vender trajes inspirados em seu visual: saias rodadas multicoloridas, balangandãs nos braços e pescoço, turbantes enormes enfeitados com frutas e flores, tamancos de saltos altíssimos, brilho fulgurante de lantejoulas e lamês e as unhas e os lábios vermelho-escarlate.

* "Aqueles decotezinhos... aquele busto aparecendo... a boca e tudo o mais... o pessoal dizia: 'Ih! Mas é real mesmo?'. Porque lá todo mundo é despeitado, né?! O sucesso que fez foi uma coisa impressionante porque eles perguntavam se era real ou postiço." (Aurora Miranda)

* "Posso ainda acrescentar que é muito maior do que se pensa e se tem escrito a influência de Carmen na moda feminina norte-americana." (Mme. Rosita)

* "Como mulher era comportada, séria. Tinha lá seus amores, mas nunca deu margens a disse-me-disse, porque era franca, dava respostas na cara de quem merecia. Daí, ser muito respeitada por todos. Nunca ouvi sequer um comentário a seu respeito, não tinha o comportamento escandaloso de outros artistas da época." (Braguinha)

* "Almirante, eu sou realmente brasileira. Apenas nasci em Portugal." (Carmen)

* Na lápide de sua sepultura foi escrito: "Taí, eu fiz tudo para o Brasil gostar de mim".

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