quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Diário da Emília - 18/02

Hoje eu acordei e a mãe tava chorando. Aí o pai contou que a irmã dela, a tia Marta, tinha morrido quando o filho ia nascer. Eu acho que foi porque cortaram a barriga dela e ela sangrou muito, mas o pai disse que era castigo, que ela tinha desrespeitado as leis de Deus. Agora eu não vou poder ter uma prima pra brincar comigo. Mas o pai disse que era menino e menino eu não gosto mesmo, nem ligo que tenha morrido. Ele também morreu, parece que era doentinho. A gente vai viajar depois do almoço, por causa do velório e do enterro. O primo vai morar com a gente. O pai não queria, disse que era pra deixar num orfanato, pois ele é impuro e é filho de pecadores. Mas a mãe disse que é o único sobrinho que ela tem e que é dever dela cuidar dele. Eu não queria que ele viesse pois aí vão ser dois meninos. Ele não pode dormir com a gente, porque ele não é irmão. Vou falar pra mãe colocar ele na sala.

Emília

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Eu li num livro 7

Livro: Macanudo 2

Autor: Liniers

Doses de sabedoria:

* "O escritor está concentrado. Sabe que a qualquer momento chegará a inspiração. E sabe que o melhor que lhe pode acontecer é que a inspiração o encontre trabalhando. Assim que ali está ele... Esperando... Esperando... Esperando... Enquanto isso, a inspiração está de férias em Búzios."

*"1.
Sabino acordou no chão.
'Como cheguei aqui?', perguntou-se.
Bem nesse momento, uma formiga passou por ali.
- Onde estou?
- Está no chão, meu amigo, quer que eu te ajude a se levantar?
2.
Sabino acordou no chão e uma formiga se ofereceu para ajudá-lo a se levantar.
- Como vai me ajudar se peso oitenta quilos e você é apenas uma formiga?
- Ah... Não se preocupe. Já volto.
(...)
- Este é o meu primo Lalo, ele vai nos dar uma mão.
- Você pega em um braço que eu pego no outro.
3.
Duas formigas vão ajudar Sabino a se levantar.
- Lalo, no três nós o puxamos.
- Certo... 1, 2, 3!
- Não acredito, me levantaram! Como vocês fizeram?
- Às vezes temos que ser otimistas. Só isso.
- E puxar bem forte."

* "Eu gosto dos dias que incluem 'céu impressionista' no programa."

* "Os duendes são uma espécie extremamente musical. Às vezes assobiam árias de Puccini, ou canções do Radiohead, ou tangos de Disápolo... Mas se percebem que há alguém por perto... param."

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Gott ist tot

- meu celular tá desligado.
- é melhor deixar ligado, alguém importante pode ligar.
- é. minha mãe.
- pode ser.
- minha mãe é importante.
- lógico que é. mas outras pessoas podem ligar tb.
- ahan.
- podem, sim. nunca se sabe.
- quem pode ligar?
- sei lá... deus.
- deus?
- é.
- deus não ia me ligar. ele não liga.
- liga, sim. eu falo com ele.
- ele não usa celular.
- usa. e é da claro.
- oi? e como vc descobriu isso?
- é q qdo eu ligo pra ele não gasto meus créditos, sai do meu bônus.
- ah, achei que ele usaria vivo.
- não.
- pq a gente tá vivo.
- mas deus está morto.
- lógico que não!
- lógico que tá! ele mora no céu, só quem morreu vai pro céu.
- pássaro vai pro céu vivo. aliás, morto que ele não vai pro céu.
- vc tá falando de céu-céu. eu tô falando de céu-paraíso.
- é a mesma coisa.
- não é. céu-paraíso é onde mora deus e todos os outros que morreram na Terra.
- é tudo céu.
- vc não entende nada de céu.
- não mesmo. só entendo do inferno (cara de malvadona).
- fato.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Em Setembro eu...

* assisti a peça "Outra Sina de Existir", com a ex-diretora que eu adoro.
* comecei mais uma assistência, na turma que fez Boca de Ouro.
* consegui, pela primeira vez, a personagem que eu queria numa peça.
* recebi visita do pai.
* assisti "A Origem" no cinema e achei incrível.
* li 3 livros.
* operei luz no reapresenta de Boca de Ouro (que foi lindo igual à mostra).
* comecei a "defuntar" com a Camis.
* fui no Opção com a turma de Boca de Ouro / Casais Abertos e me diverti horrores.
* fiquei semi-loira.
* assisti "Niklastrasse 36", peça muito boa sobre "A Metamorfose", com atores incríveis.
* fiz alguns trabalhinhos para o Menelau.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Clem e Joel

Ela, em laranja, dançava.

Ele, em cinza, esperava.

Ela, em pink, fazia bolinhas de sabão.

Ele, em cinza, decidia.

Ela, em turquesa, segurava o microfone e cantava, desafinada mesmo.

Ele, em cinza, definia.

Ela, em roxo, corria na chuva.

Ele, em cinza, criava coragem.

Ela, em verde, se esparramava na grama.

Ele, em cinza, se aproximava.

Ela, em amarelo, sentia o calor do sol em cada célula de seu corpo.

Ele, em cinza, articulava as palavras.

Ela, em prata, contava estrelas.

Ele, em cinza, se preparava para dizer que ia embora. Pra sempre, dessa vez.

Ela, todos os tons de deslumbramento infantil.

Ele, monocromático.

E, então, ela, explodindo em vermelho, dizia “Joely, what if you stayed this time?”

E ele, começando a colorir-se, titubeava.

E ela, em preto, temia a resposta, mas esboçava um sorriso.

E ele, diante do sorriso, desistia. Aceitava. Aceitava a mão que ela lhe oferecia. Aceitava a cor que ela lhe transmitia. Aceitava virar cor.

E, juntos, eram arco-íris. E brilho eterno...

(quem gostou, lê também: Carta para Joel Barish)

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

O piano e a poesia

No palco, um divã e um piano.

O divã, de um vermelho-vinho. Refinado, mas com algo de antigo. Bom e caro.

O piano, preto e luminoso. Grande, erudito e moderno. Bom e caro, também.

No divã, ela. Vestido longo. Verde, como seus olhos. Caro, também. Ela, deitada de bruços, com as pernas pro ar, balançando os pequeninos pés. Com os olhos brilhando, lê um livro de poesias. De vez em quando, levanta a cabeça e o vê. Sorri, nesse momento. E volta a ler.

No piano, ele. Não está sentado no banco, está sentado em cima do piano mesmo. De terno. Com olhar distante, acompanha a leitura dela. Quando ela o encara e sorri, retribui. E logo volta ao seu estado contemplativo.

De repente, ele diz:

- Nem todos os livros que li,

Nem toda a poesia

Me trouxeram o amor

Que aquele piano trazia...

Ela ouve. Sorri. E volta ao seu livro, às suas poesias.

Ele volta a contemplar o mundo.

E o pianista... Bom, ele nunca havia parado de tocar. Era sua função ali. Estava no piano só pra isso. Para dar a trilha sonora que aqueles dois sonharam.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

JULIET POWELL


Quando minha mãe estava grávida de 8 meses, meu pai levou-a ao circo. Ela sempre foi apaixonada pelo circo. Quando criança, sonhava em ser mágica. Já jovem, sonhava em se apaixonar por um belo trapezista e fugir com o circo. Mas se apaixonou por um filho de fazendeiros que, pelo menos, a levava ao circo. E, nesta última vez, meu pai se apaixonou. E fugiu com o circo. Não pelo trapezista, mas pela mulher barbada. Eu acho que é aí, nesse ponto, que começou minha trajetória.

Eu cresci ouvindo essa história. E sendo amedrontada pelas coisas mais absurdas. As crianças têm medo do bicho-papão; eu chorava imaginando que, de dentro do armário, sairia o bicho-papai. Para me fazer dormir, minha mãe não cantava a música do "Boi da Cara Preta" e, sim, do "Homem que faz Careta". Meu mundo era eu e minha mãe e o medo dos homens.

Na escola eu fui obrigada a conviver com meninos. Eu tentava ficar longe, pq eles eram tão sujos e nojentos e logo me machucariam, já que, na minha cabeça, era só o que eles sabiam fazer. Mas aquelas professoras teimavam em fazer grupos com meninos e meninas. E isso me deixava nervosa. Inicialmente, eu chorava. Logo, começava a gritar. Chamaram minha mãe na escola, contaram dos ataques histéricos e ela me prometeu que encontraria uma forma de me proteger. Enquanto isso, eu usava o que tinha para me defender: lápis com pontas afiadas, tesouras, jatos de cola nos cabelos deles... Alguns cortes e muito sangue e choro depois, fui convidada a me retirar da escola. Minha sorte foi que, nessa mesma semana, minha mãe havia conseguido uma vaga para mim em um internato. Só para meninas!

Foram anos incríveis: brincadeiras na escola, amigas fantásticas, finais de semana com a mamãe... Foi nessa época, também, que descobri o cinema e me apaixonei, jurando que aquela seria a única paixão da minha vida.

Só que tudo tem um fim, até mesmo as coisas boas. E eu tive que sair do internato. Apaixonada por cinema, resolvi fazer faculdade de Cinema. Minha vontade era trabalhar com edição depois de formada. Mas os problemas não demoraram a aparecer... A faculdade tinha professores, alunos, funcionários... Todos homens! E eu tinha raiva, medo, nojo. Matava aulas pra chorar no banheiro. Só naquele momento eu percebi que algo não estava certo, que eu precisaria aprender a conversar com homens, pois eles estavam em todos os lugares.

Tranquei o curso. Eu sabia que o avanço seria lento e trabalhoso. Logo depois, decidi sair da casa da minha mãe e dividir um apartamento com uma amiga de tempos de internato, a Linda. Eu tinha essa noção de que muito do que eu era, era influência da minha mãe e que a distância dela me faria bem. Por maior que seja meu amor por ela, a gente precisa cortar de verdade o cordão umbilical para crescer...

Nessa época, comecei a fazer terapia. A Dra. Riggs era uma mulher incrível e me fez descobrir tantas coisas e entender melhor muitas outras.

Depois de um ano, consegui voltar à faculdade, sem precisar correr e me esconder no banheiro cada vez que um homem se aproximava. Com o tempo, conseguia até conversar uma ou outra coisa com os rapazes da minha turma.

O que eu ainda não entendia era a necessidade de construir um relacionamente com um cara. Eu via a Linda sofrendo por causa do namorado que a traía, chorando pela casa. E todas essas personagens de filmes sofrendo tanto também... Claro, quando tudo estava bem no namoro, Linda vivia radiante, como se o mundo fosse perfeito e tudo fizesse sentido; mas, valeria à pena? E eu ainda tinha nojo de todo esse contato físico, essa troca de salivas e corpos se tocando... Mas os beijos no cinema eram tão emocionantes, tão bonitos... E me deixavam tão feliz... E se...? Bom, eu tinha vontade de abraços, confesso. De longos e apertados abraços. E de mãos dadas. Era algo tão sublime... uma mão segurando outra, dando apoio, suporte, carinho; tudo com um gesto tão simples.

E, então, a Linda terminou o namoro. De vez. E resolveu que era hora de nós duas procurarmos diversão. Eu entendi que ela me incluísse na procura, a necessidade de ter uma amiga por perto. E diversão... Bom, nada de errado em irmos ao cinema ou ao teatro, certo? Errado! A ideia de diversão dela era bem diferente da minha.

E, então, começamos a ir a festas. A muitas festas. Um ambiente assustador, muito barulho, pouca luz... Até que, um dia, ela me convenceu a beber um gole de cerveja. Que se transformou em uma garrafa. E logo eu estava dançando a Macarena com um grupo de pessoas muito animadas. E então, lá veio a Linda dizendo "Juliet, querida, que tal uma tequila?" e, bom, que mal havia em um pouco... ehr, meia garrafa... quer dizer, quase uma garrafa inteira de tequila? Lembro de algumas danças um pouco exageradas. Algumas incluíam uma coisa semelhante a se esfregar em rapazes, mas eram só danças, né? E eram divertidas. E não me pergunte como eu fui parar em cima daquela mesa fazendo uma singela interpretação de "Like a Virgin", enquanto todas aquelas pessoas gritavam meu nome. Aliás, nem me pergunte como eu sabia uma dança que incluía movimentos tão peculiares.

Enfim, essa histórica festa foi tão boa que dormi no sofá mesmo (e, não, até hoje não sei de quem era aquela casa). E acordei. Ao lado de Tom, um simpático rapaz de cabelos muito pretos e olhos muito azuis, que me abraçava de uma forma muito agradável. E John, que tinha olhos muito pretos e cabelos muito azuis (e eu juro que isso não foi efeito da bebida), e segurava minha mão. Linda me esperava para irmos embora. Ela e um cara muito magro, de óculos e nariz grande, que se tornaria seu namorado. Tom e John me disseram que eu era "uma garota muito bacana" na hora da despedida e ambos me abraçaram de uma forma tão gostosa... E, então, me beijaram. Com as línguas e tudo. E eu gostei.

Nunca mais vi o John. Vi muito o Tom durante alguns dias (de muitos abraços, beijos, línguas... e muito mais!) e até hoje somos amigos. Mas sou eternamente grata a ambos, pq eles me curaram.

Na semana seguinte, saindo da terapia, encontrei o marido da Dra. Riggs, o Sam. Ele deve ter a idade dela, um cara mais velho, mas ainda muito bonito. Almoçamos juntos naquele dia, ele me contou da falência do casamento, do quanto era infeliz, das amantes e do quanto ele queria se apaixonar de verdade. E, então, me disse que tinha um apartamento onde se encontrava com uma das amantes e me convidou para conhecê-lo. Eu fui e, bem, ele conseguiu se apaixonar de verdade...

Gosto muito do Sam. Ele é um cara divertido, uma boa companhia. E ele me fez entender a importância de uma relação homem/mulher. E a importância do corpo como um todo nessa relação. Graças ao Sam hoje eu mantenho relações saudáveis (e deliciosas) com o Tom. E o Tim, o Edward, o George e o Pablo. O Sam sempre fala em casamento. Eu sou a favor de deixar as coisas acontecerem. Estou feliz assim. E sou tão nova... E só de pensar em me afastar de todos esses amigos, por ciúme do Sam... Não, eu quero exatamente como está.

Ah, e eu parei a terapia.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

First prize, uhu!

This month could mark the start of something big at work. Saturn will move very close to the new moon of October 7, and that suggests a new project may be bubbling up. Think over every step you take now, as that new moon will give your actions extraordinary staying power. You may be placing the very cornerstone of a very tall structure, one that you are only starting to build now, and with energy and focus, you could seal your reputation by doing a good job here.

One of your happiest days this month will be Sunday, October 3, when Venus and Mars will meet in embrace in your marriage and established partnership house. It's rare for these two cosmic lover planets to meet and when they do they set off lovely sparks. If you are up for an evening out, by all means plan one!

If you are single, this will be your high-impact day, when an impression you make on someone could be unforgettable and completely indelible. If you've been dating seriously, it appears the deep feelings you have for your partner are indeed mutual. Venus is not only the planet of love and happiness, but also your ruler, giving this sparkling vibe extra weight and impact.

One day earlier, on October 2, love and even general interactions may go haywire, for Mercury will oppose Uranus, causing things to spin off in the wrong direction without warning. Mercury rules your house of true love, and on Saturday, October 2, it would be all too easy to make a misstep by saying the wrong thing or finding that unexpected frustrations build up. Travel won't go well either.

Venus is about to go retrograde, something you will feel more than most because Venus is your ruling planet. Venus will settle down for a long nap from October 8 to November 18.

Socially and romantically, another happy weekend will arrive over October 23-24. The moon will be in Taurus both days, and Mars will send Uranus a lovely missive. Some exciting surprises will tumble forth that should delight you to your toes.

Your love life seems ready to set off all sorts of wondrous, brilliant fireworks, thanks to the cozy proximity of Venus and Mars in your house of serious relationships all month, but especially when Venus and Mars meet at precise degree on October 3.

Be aware that the decisions you make at month's end could change your future forever. This is a very powerful moment in your timeline, for Pluto (power), Uranus (spontaneity), and Jupiter (good fortune) will beam blessings to you. That's a lot of power!

The month ends on Halloween weekend, and on Sunday, October 31, the moon will be in fellow earth sign Virgo. That's perfect for you! Start designing your costume, dear Taurus - this year you could win first prize!