Tenho conversado muito com ele. Ou tentado. Confesso que por muitas vezes é um tédio: ele não responde, eu não sei se ele tá me ouvindo. Eu peço pra ele me orientar e nada. Eu nunca escutei a suposta voz de trovão dele. Eu tento simplificar, fazer perguntas que podem ser respondidas com "sim"e "não", mas nada. Tudo bem, eu não esperava que ele balançasse a cabeça, mas, poxa, o cara tem o poder de sacudir o Universo se ele estiver no clima. Ele nem tosse. Nem suspira. Eu falo, falo, falo, reclamo, peço, agradeço, exponho minhas dúvidas, levanto hipóteses, falo mais, acabo chorando. Nada. Um enorme monólogo. Aí eu sempre termino dizendo "Já que você não quer falar, me dá um sinal, pelo menos". Ele não dá. Ou eu não entendo os sinais dele.
Será que ele é surdo?
Lincoln Six-Echo: What's "God"?
McCord: Well, you know, when you want something really bad and you close your eyes and you wish for it? God's the guy that ignores you.
(The Island, 2005)
terça-feira, 30 de setembro de 2008
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
A M.
O que eu realmente gosto do meu trabalho é a M. Ela divide a sala comigo. E é uma pessoa incrível, cheia de observações fantásticas. Ela me faz pensar muito e me faz entender coisas em mim. E isso que ela não sabe quase nada de mim. É que eu sou assim. Pouco falo de mim, da minha vida, das minhas crises, das minhas inquietações. Falo, para poucos, para os escolhidos a dedo. Eu tenho uma dificuldade enorme em confiar nas pessoas. E, até quando eu confio, é difícil eu me abrir. Eu confio na M., mas não falo nada pra ela, mesmo assim.
Ela não sabe nada do meu passado, sabe muito pouco do meu presente. Mas aposto que sabe mais do meu futuro do que eu. Ela intui, simplesmente. A M. é assim. E ela faz observações sobre mim, que me deixam chocadérrima.
Eu ando tendo sonhos que acabam comigo. Eu tenho certeza que eles querem me dizer coisas, mas eu nunca entendo e fico numa angústia tremenda. Um dia desses, eu acordei chorando de um deles. Aí a M. chegou e disse "Tá tudo bem?". Não tava, mas eu me faço de durona e disse "Tá.". Mas ela é esperta e disse "Tem certeza?". E eu - teimosia taurina sempre - insisti "Tenho". Aí ela disse que eu estava com uma postura de quem estava em uma profunda crise existencial. E eu não aguentei e contei o sonho. Ela não me conhece, não sabe quem são as pessoas do sonho. Mas fez uma interpretação que simplesmente fazia sentido.
Ontem a M. me disse que eu tenho um espiritozinho curioso, de alguém que gosta de aprender coisas novas sempre. E eu fiquei pensando "Como ela sabe?".
Às vezes eu acho que a força que controla o Universo mandou a M. pra minha vida pra me ajudar... Tipo um Clarence...
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Pegar carona nessa cauda de cometa
Eu não nasci pro trabalho. E não é que eu seja preguiçosa, com ambições de ser madame. Como boa taurina, eu trabalho pra valer, me dedico de corpo e alma, visto a camisa da empresa e todos os clichês possíveis. Eu trabalharia maravilhosamente feliz e satisfeita se trabalhar não implicasse em lidar obrigatoriamente com pessoas que você – em hipótese alguma – admitiria no seu círculo de amizades.
Pessoas são complicadas. Pessoas trabalhando são ainda mais. Elas focam no individual e não no coletivo, mesmo que todos os livros e especialistas se esforcem em ensinar o contrário. Elas não conhecem o teu trabalho, mas acham q vc não está fazendo o melhor. Eu quero dizer, elas não fazem a menor idéia do que vc faz, mas elas acham q vc deveria fazer diferente. Mesmo q vc – que obviamente conhece o que faz – esteja fazendo já da melhor maneira possível.
E elas fazem planos mirabolantes. Que não dão certo. Mas elas não admitem. Aliás, ninguém admite que a grande inovação foi uma enorme furada. E vc – que gostaria de gritar aos quatro cantos que ESSA PORCARIA NOVA SÓ ATRAPALHOU O SEU TRABALHO – fica parecendo uma criatura estranha, indo contra a corrente.
Enfim... Eu não nasci pro trabalho, como diria o síndico.
Eu vivo sempre
Pessoas são complicadas. Pessoas trabalhando são ainda mais. Elas focam no individual e não no coletivo, mesmo que todos os livros e especialistas se esforcem em ensinar o contrário. Elas não conhecem o teu trabalho, mas acham q vc não está fazendo o melhor. Eu quero dizer, elas não fazem a menor idéia do que vc faz, mas elas acham q vc deveria fazer diferente. Mesmo q vc – que obviamente conhece o que faz – esteja fazendo já da melhor maneira possível.
E elas fazem planos mirabolantes. Que não dão certo. Mas elas não admitem. Aliás, ninguém admite que a grande inovação foi uma enorme furada. E vc – que gostaria de gritar aos quatro cantos que ESSA PORCARIA NOVA SÓ ATRAPALHOU O SEU TRABALHO – fica parecendo uma criatura estranha, indo contra a corrente.
Enfim... Eu não nasci pro trabalho, como diria o síndico.
Eu vivo sempre
No mundo da lua
Tenho alma de artista
Sou um gênio sonhador
E romântica...
E tudo que eu queria era...
Pegar carona
E tudo que eu queria era...
Pegar carona
Nessa cauda de cometa
Ver a Via Láctea
Estrada tão bonita
Brincar de esconde-esconde
Numa nebulosa
Voltar prá casa
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
O caos criativo
A velha eu me disse que eu não sou impulsive coisa nenhuma. Ou que sou só em alguns aspectos. E eu acho que ela acha que eu deveria ser em outros. E eu não sei se eu acho que eu devo ser. Talvez eu ache que eu tenha medo de ser.
E o meu vício diário me rendeu isso:
Consulente: Talita
Tema: O Louco - O caos criativo
Aspectos Favoráveis: Os Enamorados - O poder da sedução
Aspectos Negativos: Rei de Ouros - Excessos perigosos!
Conselho: 8 de Paus - Aprendendo a relaxar e a confiar
Resultado Final: Ás de Ouros - O desabrochar da semente do amor
Quais lições preciso aprender para me relacionar melhor? 6 de Copas - Viver o melhor do presente
O caos criativo? Aprendendo a relaxar e a confiar? Viver o melhor do presente? What the hell???
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
O vestidinho
Todo dia, de manhã, eu abro o armário pra escolher uma roupa.
Penso em calças... A mais nova, que é bacana, mas arrasta no chão e está extremamente larga? A que era da ermã, que não arrasta, mas também está larga? A estilinho mais social, que começa a alargar tb, apesar da cintura mais alta?
(Pausa: Não, eu não estou emagrecendo. Eu estou encolhendo. Uma coisa meio lilliputiana. Meu pé também está menor, os sapatos estão largos).
Penso em blusas... A dupla-face que eu descobri magicamente que fazem pra adultos também? A verde com capuz? A verde mais clara? A verde mais escura? Aparentemente todas são verdes. E roxas. E pretas. E todas são boas opções.
E aí eu vejo ele. No cantinho. Azul marinho, a cor que eu mais detesto, junto com o marrom. E aquelas florzinhas estúpidas em partes pequeninas. E aquela golinha boba. E as mangas bufantes. E a cintura alta. E o laço nas costas. E ele me tenta. E ele diz “Vai! Me coloca. E pega aquelas meias com babados na gaveta e o sapatinho azul marinho no armário. E os laços vermelhos! Não esqueça dos laços vermelhos!”.
Eu coloco uma calça e uma blusa.
Eu nunca escolho ele.
Mas ele me escolhe todo dia...
Penso em calças... A mais nova, que é bacana, mas arrasta no chão e está extremamente larga? A que era da ermã, que não arrasta, mas também está larga? A estilinho mais social, que começa a alargar tb, apesar da cintura mais alta?
(Pausa: Não, eu não estou emagrecendo. Eu estou encolhendo. Uma coisa meio lilliputiana. Meu pé também está menor, os sapatos estão largos).
Penso em blusas... A dupla-face que eu descobri magicamente que fazem pra adultos também? A verde com capuz? A verde mais clara? A verde mais escura? Aparentemente todas são verdes. E roxas. E pretas. E todas são boas opções.
E aí eu vejo ele. No cantinho. Azul marinho, a cor que eu mais detesto, junto com o marrom. E aquelas florzinhas estúpidas em partes pequeninas. E aquela golinha boba. E as mangas bufantes. E a cintura alta. E o laço nas costas. E ele me tenta. E ele diz “Vai! Me coloca. E pega aquelas meias com babados na gaveta e o sapatinho azul marinho no armário. E os laços vermelhos! Não esqueça dos laços vermelhos!”.
Eu coloco uma calça e uma blusa.
Eu nunca escolho ele.
Mas ele me escolhe todo dia...
quarta-feira, 10 de setembro de 2008
Princesa de Paus
Eu sou viciada em pseudo-formas de prever o futuro. Mas não um futuro distante, a neurose de como estarei daqui a 10 anos. Eu gosto de saber tudo pra hoje. Aí, de manhã, sempre leio horóscopo e tiro a minha carta de tarô de hoje. O engraçado é que a carta sempre responde uma pergunta minha... Aí hoje, saiu ela!
A Princesa de Paus emerge do Tarot como arcano conselheiro para este momento de sua vida, Talita. Trata-se de um momento de tomar consciência dos seus sonhos e objetivos, direcionando-se para eles. Você terá diversas tentações de se sentar e ficar esperando que as coisas aconteçam por si só. Não se permita a isso, mova-se, Talita! A Princesa de Paus é a imagem dos primeiros lampejos de idéias, amores ou projetos. Você sentirá a inércia e o tédio se evadindo de sua existência e finalmente imprimirá movimento à sua vida. Muitas águas hão de rolar e este é apenas o processo inicial de uma provável aventura muito gostosa. Lance-se sem medo! Quanto mais coragem, mais resultados! Mesmo que você ouça “não”, a negativa será apenas inicial.
Conselho: Arrisque-se!
Conselho: Arrisque-se!
Toda menina é uma princesa e, aparentemente, hoje eu sou a de paus.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
And we don't care about the young folks
Eu lembro que Roh me mandou Young Folks no MSN. Ouvi sem prestar atenção... ok! Duas semanas depois resolvi ouvir de novo, prestando atenção. Amor a segunda ouvida! O assobio, a letra, as vozes tão doces, o ritmo alegrinho... A vontade de sentir o que a música canta, a vontade de cantar a música sentindo.
Não resisti: encaixei a música na trilha do Natal. Caiu perfeitamente. Parecia que estava predestinado a ser assim. Certas coisas são assim, parecem traçadas num destino por um deus fanfarrão. Certas músicas tb são assim. E eu gosto de pensar que a música foi composta pra mim. Mesmo que quem compôs nem suspeite da minha existência...
If you knew my story word for word
Had all of my history
Would you go along with someone like me
sexta-feira, 5 de setembro de 2008
É...
Deus é um fanfarrão!
E tenho dito.
E tenho dito.
quarta-feira, 3 de setembro de 2008
For a minute there, I lost myself
Eu tenho uma tendência a desenvolver um comportamento meio obsessivo com músicas. De repente ouço uma – que eu não conhecia até então, ou que não ouvia há um bom tempo – e me identifico. Ela é – incrivelmente – a música da minha vida. Daquele dia. Daquela semana. Daquele momento.
Karma Police é a bola da vez. Ela me faz pensar em muitas coisas... E coisas que não se relacionam em nada. Ou se relacionam e só eu não percebo.
A primeira coisa que ela me faz pensar – e é algo que eu tenho pensado muito nos últimos tempos - é: o universo é lerdo. Eu acredito que tudo dá certo no final e que as coisas se explicam num momento, que todas as coisas que não fazem o menor sentido agora, estão acontecendo por algum motivo que será explicado em breve. Acontece que há uma discordância. Pra mim, em breve é nas próximas 24 horas. Espero soluções e esclarecimentos a jato. E não sou atendida... Pois pro universo e sua looooonga existência de zilhões de anos, em breve pode ser em 48 anos. E isso me enlouquece. Estamos em tempos totalmente diferentes e precisamos conviver, eu e o universo. Só eu sei o quanto isso é difícil...
O nome da música, confesso, me dá medo. Eu fico imaginando policiaizinhos de roupas vermelhas e douradas, prendendo geral, mandando pra DP... Por crimes que nem sabíamos que eram crimes, talvez. E aí, no momento do interrogatório, eu diria: “Karma Police, I've given all I can, it's not enough, I've given all I can, but we're still on the payroll”. Me parece constantemente que eu tenho dado tudo o que posso. E não é suficiente, nunca é suficiente. Nem pros policiazinhos, nem pra delegada, nem pras outras pessoas... E o vazio de sentir que eu dei tudo que eu podia e não foi suficiente e isso me condena a stillzar no payroll... Isso é difícil tb!
A essa altura, a pergunta deveria ser “Pq ela se tortura ouvindo essa música, céuz?”. Pq ela tem uma parte que eu gosto muito, a que diz “This is what you get, when you mess with us”. Pq eu me sinto, nesse momento, chapa dos policiaizinhos. Talvez eles até me deixem usar um uniforme também e dizer pras pessoas de alma bem pequena remoendo pequenos problemas: “Isso é o que você ganha por se meter com a gente!” Pq eu também aprendi q o universo é lerdo, mas age. Tudo vê, tudo sabe, tudo sente. E castiga ou premia as pessoas, por suas ações. E ai de quem se meter com “us puliça”. E comigo, claro.
E o final da música? “For a minute there, I lost myself, I lost myself”. Perdi mesmo. Mas aí já é uma outra história e muito longa…
Karma Police é a bola da vez. Ela me faz pensar em muitas coisas... E coisas que não se relacionam em nada. Ou se relacionam e só eu não percebo.
A primeira coisa que ela me faz pensar – e é algo que eu tenho pensado muito nos últimos tempos - é: o universo é lerdo. Eu acredito que tudo dá certo no final e que as coisas se explicam num momento, que todas as coisas que não fazem o menor sentido agora, estão acontecendo por algum motivo que será explicado em breve. Acontece que há uma discordância. Pra mim, em breve é nas próximas 24 horas. Espero soluções e esclarecimentos a jato. E não sou atendida... Pois pro universo e sua looooonga existência de zilhões de anos, em breve pode ser em 48 anos. E isso me enlouquece. Estamos em tempos totalmente diferentes e precisamos conviver, eu e o universo. Só eu sei o quanto isso é difícil...
O nome da música, confesso, me dá medo. Eu fico imaginando policiaizinhos de roupas vermelhas e douradas, prendendo geral, mandando pra DP... Por crimes que nem sabíamos que eram crimes, talvez. E aí, no momento do interrogatório, eu diria: “Karma Police, I've given all I can, it's not enough, I've given all I can, but we're still on the payroll”. Me parece constantemente que eu tenho dado tudo o que posso. E não é suficiente, nunca é suficiente. Nem pros policiazinhos, nem pra delegada, nem pras outras pessoas... E o vazio de sentir que eu dei tudo que eu podia e não foi suficiente e isso me condena a stillzar no payroll... Isso é difícil tb!
A essa altura, a pergunta deveria ser “Pq ela se tortura ouvindo essa música, céuz?”. Pq ela tem uma parte que eu gosto muito, a que diz “This is what you get, when you mess with us”. Pq eu me sinto, nesse momento, chapa dos policiaizinhos. Talvez eles até me deixem usar um uniforme também e dizer pras pessoas de alma bem pequena remoendo pequenos problemas: “Isso é o que você ganha por se meter com a gente!” Pq eu também aprendi q o universo é lerdo, mas age. Tudo vê, tudo sabe, tudo sente. E castiga ou premia as pessoas, por suas ações. E ai de quem se meter com “us puliça”. E comigo, claro.
E o final da música? “For a minute there, I lost myself, I lost myself”. Perdi mesmo. Mas aí já é uma outra história e muito longa…
Assinar:
Postagens (Atom)