terça-feira, 12 de novembro de 2013

amor é cortar tecido à noite.



é tão difícil, mas tão fácil definir o amor.

eu sinto, sempre, que eu não sigo o que ela sonhou pra mim. eu sinto que ela planejou um outro futuro pra mim. um que, pra ela, seria muito melhor. mas ela me deixou sair de dentro dela. teve isso. depois disso, depois que se corta o cordão... bom, as coisas vão piorando. até chegar naquele ponto em que ela deixou de escolher por mim, de planejar por mim, de sonhar por mim. e eu comecei a escolher, a planejar, a sonhar. a traçar. certamente não o que ela queria. talvez não o melhor pra mim. mas o único caminho que eu consigo seguir, minha estrada de tijolos amarelos. tortuoso? talvez. delicioso? sim. 

e, mesmo não sendo o que ela escolheria pra mim, ela apóia. ela se esforça pra entender (ok, nem sempre consegue.... mas, acredite, eu também não entendo muitas vezes). ela fica ao meu lado. ela me incentiva. e ela sonha comigo.

ela me ensina (e re-ensina, todo santo dia) que sonho que se sonha só é só um sonho e sonho que se sonha junto é realidade. ela sonha meu sonho. e me ajuda a ir, aos pouquinhos, transformando-o em realidade. 

e ela move mundos e fundos.

ela investe tempo e dinheiro.

ela gosta até quando não gosta.

ela reclama ("você nunca está aqui final de semana!", "só você trabalha nesse grupo, né?", "pq é sempre você que tem que se sacrificar?"). muito. mas não deixa de apoiar, incentivar, sonhar. e não me faz desistir. não me deixa desistir.

ela sai catando gente na rua, na maior cara de pau, pra vender rifa pra ajudar ao grupo.

ela fica a noite toda fazendo colar comigo, pra conseguir trocar os colares por doações pro grupo.

ela é a pessoa mais entusiasmada do grupo. e ela nem é do grupo, não oficialmente.

e, ontem, ela cortou tecido. à noite. eu riscava e ela cortava. pequeninos quadrados de tecido. que vão virar figurinos. figurinos que nem eu e nem ela vamos usar. que o grupo vai. 

ontem ela me provou, mais uma vez, que isso é amor. é cortar tecido, depois de trabalhar o dia todo e de fazer comida à noite. amor é sacrifício. sacro ofício. trabalho sagrado. sagrado. 

mãe, lembra quando a dani disse que eu dediquei minha peça pra minha professora da 1ª série e não pra você? a outra eu dediquei pra princesa estrela. não dediquei, mesmo, nenhuma pra você. e nem sei se vou dedicar alguma das que eu estou escrevendo e das muitas que eu pretendo escrever. pode parecer egoísmo, mãe, mas não é isso, não. pode parecer ingratidão, mas também não é isso. juro.

eu não dedico minhas peças a você, mãe. pq eu acho pouco, muito pouco, muito menos do que você merece.

eu dedico minha vida toda a você...

Um comentário:

Denise disse...

Assim eu me acabo de Chorar.Eu acredito em você e para mim ,isso basta. Amo muito.