terça-feira, 30 de abril de 2013

o que importa é o que vc sente?


eu não curto, de jeito nenhum, gente que argumenta com "o que importa é o que eu sinto.... fulano(a) não sabe o que eu sinto dentro de mim e é isso que importa". sentir e só é egoísmo. amor, amizade, afeto, carinho e coisas do gêneros sentidos e só são legais pra quem? pra quem sente. pra quem se orgulha em pensar "eu sinto, é o que importa". altruísmo é demonstrar/declarar. ainda tenho ressalvas com o demonstrar, pq, né? eu amo cebolitos, tô aqui te dando um pacote de 2 toneladas de cebolitos que, pra mim, demonstra todo meu amor por vc. mas vc odeia cebolitos. reflita em como você vai entender. como amor é que não vai ser! por isso acho q altruísmo mesmo é declarar. pq declarar pode não mudar em absolutamente nada a tua vida, mas pode mudar a de outra pessoa. pode deixar outra pessoa feliz, mais confiante, mais motivada. pode chegar num dia em que a pessoa tá no fundo do poço, na pior, e fazer ela ficar bem sabendo que é importante pelo menos pra alguém. por isso acho necessário, digno e justo que amores, amizades, afetos e carinhos - tudo resumido em amor, que é o q tudo isso é no fundo - sejam declarados. sempre, pra que não se esqueçam. eu nunca esqueço de uma história que ouvi de que, um dia, perguntaram pro nelson rodrigues no que ele acreditava e ele respondeu "eu acredito é no amor!". eu, nelson, acredito é no amor declarado! (e, vá lá, demonstrado.... mas de uma forma óbvia, néan? cebolitos, pense nisso.)
(sentimento guardado serve pra que mesmo?)

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Monet




Monet, um homem
Monet, um artista
Monet, um pintor
Para sempre impressionista

Monet, a glória
Monet, a dor
Monet, Camille
Para sempre seu amor

Monet, a França
Monet, a vida dura
Monet, o mundo inteiro
Dentro de sua pintura

Monet, a luz
Monet, a guerra
Monet, um bosque
Brotando dessa imensa terra

Monet, a vida
Esta sem sorte
Monet, o fim
Monet, a morte

(aí eu tinha 14 anos e compensava a completa falta de habilidade na aula de Educação Artística - preconceituosa, pq, desde quando artes = artes plásticas e só? - com poesias)

sábado, 27 de abril de 2013

Oceano das Vaidades


Longe de peças e cartas de baralho, no tabuleiro da vida, o homem cria um novo (mas não recente) jogo. A disputa consiste em definir, no enorme palco em que vivem, os atores e os personagens. O vencedor é aquele que, mergulhado em aparências, consegue distinguir o ser do parecer.

Para desânimo de alguns, na imensa maioria da população, a primeira impressão é eterna. Devido ao contato superficial, as pessoas fazem avaliações errôneas sobre seus semelhantes. A grande preocupação humana é esconder seu verdadeiro eu sob uma máscara fantasiosa de perfeição. E isso gera muitas decepções, tanto pessoais como em âmbito internacional.

Uma pequena amostra de toda essa falsidade seria a do ex-presidente Fernando Collor que, como caçador de marajás, se revelou um lobo sob pele de ovelha. A tão famosa sociedade democrática dos EUA mostra-se, realmente, muito justa... com os brancos; pois negros, índios e latino-americanos são discriminados e marginalizados.

A própria literatura é farta de exemplos. Os personagens machadianos e de Gil Vicente têm como principal preocupação a aparência. Eça de Queirós fez críticas severas à religiosidade; e Brecht, à burguesia. Nas telas do cinema, Pasolini, Visconti e Buñuel bateram, por muitas vezes, nessa tecla.

Apesar de ser mal-visto, o ato de querer parecer mais do que se é, se tornou algo natural e parte integrante do mundo de hoje. Existem aqueles que reclamam por serem tachados de falsos. Que reclamem! Se a carapuça lhes serve...

(3º colegial, tema - nem tudo que reluz é ouro, redação nota 10)

terça-feira, 23 de abril de 2013

edificante


aí eu tô limpando minha sala e dois missionários surgem. querendo me vender um material baseado na bíblia pra eu usar com meus alunos. pra mim, teatro e religião são quase a mesma coisa, mas, como eu sei que é uma visão muito particular, expliquei educadamente que eu não posso usar um material religioso em uma aula de teatro. ele me diz que não é religioso, é baseado na bíblia só. ok, continuo trabalhando a paciência e simpatia e digo "olha só, o curso é aberto a todas as pessoas. eu posso ter, numa mesma turma, alunos de religiões diferentes. não é certo eu impor a bíblia pra eles, eu tenho que respeitar todas as religiões" (eu e toda a humanidade, aliás, mas né?). e ele me diz, então: "mas esquece que é da bíblia. se você usar esse material, como é da bíblia (não era pra esquecer, produção?), você vai conseguir dar aulas edificantes.". 
resposta imaginada 1: "então, mas se eu estou me propondo a dar aula de teatro, é pq eu acredito que o teatro, em si, é edificante. acredite, eu não sou uma porca capitalista e faço isso por dinheiro. mesmo pq eu não ganho quase nada."
resposta imaginada 2: "edificante seria vc doar o material, e não vender, meu filho! reflita um pouco!"
resposta imaginada 3: "você precisa assistir o manual! peça altamente recomendada para pessoas como você."
resposta falada, pra continuar sendo uma pessoa fofa e educada: "nossa, que legal! pena que eu tô sem dinheiro... mas obrigada mesmo, viu? tchau!"

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Velho Machado - Parte 5




Lerni ou Lernini?

            Ainda jovem, com pouco mais de 18 anos, Machado decide se juntar ao Exército para ir à Itália, lutar na Segunda Guerra Mundial. Junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira), conhece a Europa e o lado obscuro da humanidade: vê pela primeira vez uma pessoa morrer, embora não tenha chegado a matar ninguém durante sua participação no entrave. A inexperiência e o espírito brincalhão fazem com que seja o único de sua divisão a ser expulso.

            Lernini retorna ao Brasil, mas ainda não está satisfeito. Queima seus documentos e, em meio ao caos e a desorganização típicos do Brasil, consegue fingir que perdeu os mesmos e, assim, faz uma nova certidão de nascimento e outra cédula de identidade. E atinge seu objetivo: troca o Lernini por Lerni e muda a data de seu nascimento, se tornando, praticamente, uma nova pessoa.

            O novo Lerni oferece-se sorridente para ir (voltar) à Itália, com a FAB (Força Aérea Brasileira). Passa cerca de dois anos ainda em território europeu, meses decisivos para o resto de sua existência. A guerra o torna mais bruto, mais agressivo, mas a proximidade da morte faz com que perca totalmente o medo da mesma e encare a vida de maneira diferente, sempre disposto a aproveitar cada dia como se fosse o último, no melhor estilo “carpe diem”. Por isso, hoje o velho Machado lê muito, come muito, bebe muito, fala o que pensa e dorme pouco, sempre esperando o fatídico encontro com o fim de seus dias.

            Além disso, Lerni fez muitos amigos no Exército e na Força Aérea. Tornou-se mais comunicativo e popular. É presença constante nas reuniões de veteranos de guerra em Niterói, onde adora lembrar os casos engraçados – e também os escabrosos – do período. Sempre que pode, leva os netos para apresentar aos velhos amigos. Na saída, repete para cada um de seus familiares: “As reuniões aqui são chatas, sem emoção. Bom é no Rio, que os caras não têm pernas, não têm braços. Tem um que não tem um pedaço da cabeça!”.

(infelizmente, essa é a última parte do trabalho que eu ainda tenho... o resto se perdeu...)

sábado, 20 de abril de 2013

O melhor abraço



Um ano atrás eu tava voltando pra Niterói, depois de um final de semana ótimo com minha família. De manhã cedo, eu, a Bru e meu pai fomos pra uma padaria comer croissant e beber suco. Os dois ficaram me tirando horrores pq eu comecei a ficar enjoada e eles juraram q era o croissant de cheddar q só eu comi. O enjoo  a dor, tudo, continuou por quase duas semanas. Da padaria, a gente deixou a Bru na escola. Ela me deu um beijo e mandou o pai descer do carro pra dar tchau, já que eles iam ficar um bom tempo sem se ver. Eu desci tb, mesmo sem ter sido chamada. Dei um mega abraço nela. Disse que ia sentir saudade, enquanto ela ria e brigava comigo por estar pagando mico na frente da escola. Eu nem sabia que eu ia mesmo sentir a falta dela. Exato um ano atrás. 365 dias. O dia que eu nunca vou esquecer. Meu último abraço na minha pequena. Burra, burra, mil vezes burra. Eu não devia ter soltado ela nunca, devia ter continuado abraçada. Pra gente continuar assim pra sempre...

(texto de 12 de abril de 2006, saudade de sempre...)

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Melodrama




"Escrever um melodrama é recusar deliberadamente as normas frequentemente enferrujadas do 'gosto', da 'medida', em proveito da pujança - mesmo exagerada - do conflito, da intensidade - mesmo brutal - na ação, da liberdade - mesmo desenfreada - na expressão."
(Kessel)

"Consentir em gostar do melodrama é ainda uma maneira de se simplificar, segundo os conselhos de Tolstói, e é também, de alguma forma, participar da caridade e da fraternidade."
(Julies Lemâitre)

"Não podemos negar ao melodrama a justiça de reconhecer que é ele que nos reconta melhor e mais frequentemente os assuntos nacionais, gênero de espetáculo que deve ser representado em todos os lugares. Ele dá à classe da nação que mais deles necessita belos modelos de atos de heroísmo, traços de bravura e de fidelidade. Ele a instrui assim a tornar-se melhor, mostrando, mesmo em meio a seus prazeres, os nobres caracteres desenhados em nossos anais [...]. O melodrama será sempre um meio de instrução para o povo, porque ao menos este gênero está a seu alcance."
(Livre des Cent-et-un, Pixerécourt)

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Tempo


Todo o tempo,
O tempo todo,
O tempo passa.

Passa o tempo,
o tempo todo,
O passatempo.

Passe tempo,
O tempo todo.
Tempo, passe.

E não volte!

sábado, 6 de abril de 2013

Eu li num livro 28

Livro: O Sentido e a Máscara

Autor: Gerd A. Bornheim

Doses de sabedoria:

* Ionesco trata o teatro como se fosse um brinquedo; manuseia-o a seu bel-prazer, e, como toda criança, termina por virá-lo ao avesso, desmonta-o, quer saber qual o seu segredo.

* Ionesco é antes de mais nada um destruidor, e não destrói apenas esse realismo teatral que, após dois mil anos de tradição, tornou-se a exigência espontânea de todo espectador. Sua vontade de destruição vai muito mais longe. Ionesco destrói - aparentemente, ao menos - tudo de que pode lançar mão, a ponto de não se saber com certeza se existe para o nosso autor algo de indestrutível ou, pelo menos, qualquer coisa que mereça a mão construtora do homem.

* De fato, através do riso o homem se sobrepõe à realidade de que ri, toma criticamente consciência do mundo que o cerca. No caso, diante da derrocada burguesa, de um mundo absurdo. Se nas criações de Ionesco a linguagem torna os homens incomunicáveis, o riso, aquém de toda linguagem, restabelece a comunicação. Mas o riso não fala, é preconceitual. O que resta, pois, é a deflagração da mais espontânea forma de convívio humano: o riso.

* Além de suscitar a presença do diretor, a consciência histórica tornou muito mais complexo o trabalho do teatro em sua totalidade. O ator, por exemplo, não pode mais ter apenas um estilo ou prender a sua arte a convenções fixas, como acontecia no classicismo francês ou no teatro elisabetano. O ator - ou ao menos o ator ideal - tende a possuir um domínio universal de todas as técnicas, de tal maneira que ele possa, ao menos, em princípio, trabalhar qualquer tipo de texto. Isso exige do ator um longo período de formação, que justifica por si só a existência, em nossos dias, das escolas de arte dramática.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

O pão


O pão
Caído no chão
Não tem manteiga, não
E nem ao menos requeijão

O pão
Que não tem irmão
É, além de tudo, órfão
Não teve criação

O pão
Talvez tenha um coração
Que pulsa de paixão
Encontrando-se na nossa mão

O pão
Mexe com nossa razão
E nos deixa a questão:
A vida é pura ilusão?

(mais uma poesia-desafio, com tema sugerido por uma amiga maluca...)