sábado, 6 de agosto de 2011

DES MEDÉIA, de Denise Stoklos

Dois amigos que pareciam incomuns.
Amigo sempreável, aquele que ao outro espelha o umbigo, na mina de metal durável do amável.
Quando se separa do amigo chama-se: parável, vira chama apagável, de amizade inviável.
Aí a saudade é improvável do: “entre sempre”.
E, sabe? O outro ente sente.
(No espelho; O outro ente sente.)
Tão quente como um sol rente a uma lente.
(Pois é gente.)
O outro: ouro de dente falsamente reluzia ao espelho sorriso.
Sorriso (mas de frente).
De fundos, deu mesmo as costas, fez muro.
E o outro, sim, fez mesmo bosta: deu murros.
Pronto os dois amigos brigaram. Cai no calçadão uma vala – a comum: irreconciliação.
Lá se vão dois umbigos apartados os dois amigos separados.
E aquele que praticou a quebra de código de exclusividade entre eles, vai todo contente com sua guerra debaixo do braço, vestida de balas-traição, venceu seu fuzil-abandono.
Dói em um, mas toca o outro a corneta do nem-te-ligo; anúncio de quanto estão ingressando agora nas senhas de ex-amigos.
(Sangram afora tanto as veias dos dois umbigos.)

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