terça-feira, 18 de setembro de 2012

Faz frio no Maine?


Não tenho nada interessante pra dizer. Nunca tive! As coisas se agravaram... Decepção! Meu mestre se aposentou e se, até ele se cansou do ofício, que motivação eu tenho pra continuar? Tenho trezentos bilhões de idéias na cabeça e uma vontade nula de colocá-las no papel. Quero que elas sumam, pois eu não vou parar meu mundo por causa delas! Sei que elas são teimosas, idéias taurinas, e não vão me libertar. Sou escrava delas e é meu único direito e dever segurar a caneta que lhes dará vida. O parto delas significa, não a minha morte, mas minha invalidez. Para que o mundo as conheça tenho que me anular, viver como um vegetal, uma criatura subumana e servil a disposição dessas monstruosidades. Elas querem me usar. Eu quero ser usada por elas. Se elas quiserem abusar de mim, fique à vontade! Doces sonhos são feitos disso, e quem sou eu para discordar? Me entrego, plenamente, sem barreiras. Usem-me como seu portal; usem minha maldita mão para ganhar vida, mas saiam de minha mente. Por favor... Meu mestre quase morreu, voltou, me abandonou. Me apresentou a um mundo bonito e sombrio, onde as rosas cor de sangue florescem e os gemidos de dor soam como música. Me mostrou que viver podia ser bom, agradável, divertido e misterioso. Me fez feliz ao extremo, de uma felicidade que doía mais que a própria morte. E sumiu... Me largou com essas cretinas! Idéias... Porque elas não se expressam sozinhas? Com que ânimo eu vou me entregar em suas mãos, se até ele desistiu? Nesse exato momento ele está conhecendo a real felicidade, livre de toda e qualquer idéia. E eu me torturo enquanto arrumo as malas. Ele me deu essas idéias imbecis e não me ensinou o que fazer com elas. Vou devolvê-las! Por isso arrumo a mala... Faz frio no Maine?

Nenhum comentário: