Lendo um livro da Marina Colasanti - que eu adoro -, uma coletânea de contos e crônicas chamada " A Casa das Palavras", encontrei um em que ela falava de um outro livro: "Casa das Estrelas", de Javier Naranjo. Este é o resultado de um trabalho com crianças de diversas idades e contém a definição das crianças pra algumas palavras. Pelo pouco que ela cita na crônica, dá uma vontade imensa de ler tudo. Incrível a simplicidade com que os pequeninos definem tudo! Selecionei meus três preferidos:
- Deus: "É o amor com cabelo comprido e poderes." (Ana Milena Hurtado, 5 anos)
- Criança: "É um humano, são más às vezes, são boas às vezes, choram, gritam, brincam, brigam, tomam banho; às vezes não tomam banho, se metem na piscina e crescem." (Natalia Calderón, 10 anos)
- Tranquilidade: "Por exemplo, que o pai diga que vai bater e depois diga que não vai mais." (Blanca Helao, 10 anos)
- O ensaio equivale a uma missa.
- O processo de criação é agônico. Se não te causa agonia, alguma coisa está errada.
- Stanislavski não é a favor disso.
- Stanislavski tem sorte da gente ser a favor dele.
(pq os domingos do semestre passado foram surpreendentemente maravilhosos e me fizeram ser uma pessoa melhor... e superar preconceitos idiotas.)
Livro: As Crônicas de Nárnia
Autor: C.S. Lewis
Doses de sabedoria:
* Pois o que você ouve e vê depende do lugar em que se coloca, como depende também de quem você é.
* A terceira maneira, a única que sou capaz de usar, consiste em escrever uma história para crianças porque é a melhor forma artística de expressar algo que você quer dizer.
Foi uma aula maravilhosa, mas foi mesmo a última. Não por eles; eu só ameaçava, mas jamais os abandonaria. Foi a última justamente por eu não suportar mais estar em um lugar onde crianças como aquelas - incríveis, espertas, inteligentes, dedicadas, criativas, carinhosas e com uma vontade enorme de evoluir - eram maltratadas, humilhadas e até agredidas. Um lugar que poderia ser um projeto lindo, mas que foi corrompido e usado como auto-promoção e uma forma de obter dinheiro fácil. E, por acreditar na teoria, mas abominar a prática daquele lugar, eu optei por sair...
Saí levando uma grande saudade das crianças, mas também a certeza de duas coisas muito importantes. Primeiro, de que eu fui capaz de melhorar um pouco a vida deles, de ensinar alguns conceitos fundamentais, de mostrar que eles podem ir além. Não os transformei em atores - como questionavam -, mas em pessoas melhores - que sempre foi meu objetivo. E a outra certeza: a de que é isso que eu quero pra minha vida, é pra isso que eu quero usar o teatro. Quero usar o que aprendi - e aprendo constantemente - no teatro, pra fazer com que as crianças tornem-se adultos melhores. Pra que elas acreditem que podem ser mais e que o mundo pode ser bonito. Acreditar é o primeiro passo. Se a gente acredita, assim é, assim se torna. Como no teatro, em que a gente tem que acreditar pra ser bem-feito. Fé cênica, não é? E fé na vida, fé no futuro... Fé, simplesmente.