domingo, 23 de janeiro de 2011

Em Dezembro eu...

* li 06 livros.
* fiquei loira e fiz progressiva de novo (e tive a alegria de só lavar o cabelo e ele ficar bom).
* comemorei o niver da mãe com almoço no shopping (picanha,claro!), jantar japonês, torta holandesa e o Cauã fazendo a gente morrer de rir.
* assisti "Lazarillo de Tormes", peça genial e super diferente do que costuma aparecer na Mostra.
* assisti "A vida é sonho" com a turma que era da Camis.
* assisti "Macbeth" e, sim, Shakespeare me mata de tédio.
* assisti "A Morta", a melhor peça dessa Mostra depois de O Sonho (claro! rs) (o que me deixou com mais vontade de ser dirigida pelo Wanderley).
* passei uma tarde de compras pra peça como Maykol, com direito a "passeio" na 25 e comemoração de fim de compras com coca com limão e gelo.
* assisti "Reunião de Família" (do Lucas) e, mesmo sendo um dramão tenso, adorei.
* assisti "Máscaras" e... enfim... deixa pra lá, rs.
* conheci a casa da Rê Lamata (e os cachorros lindos dela) e a da Nati (e a tartaruga dela).
* participei da montagem de cenário e luz mais difícil e cansativa da minha vida (que rendeu queimaduras e muitas dores no corpo).
* apresentei "O Sonho", fui a Poetisa por 3 dias (registrados nas fotos mais lindas ever), tomei banho de purpurina, tive cabelo roxo, comi jujuba, marshmallow e pirulito, tive meu figurino e maquiagem preferidos de todos os tempos, me cansei horrores, mas percebi - só no palco - que era a peça mais fantástica de todas que eu participei (o que me fez chorar de verdade na última sessão).
* fui pra Toca com o Maykol, a Li, a Kel, a Jaque, o Dan, a Nati, o Zezinho e o Tiago, pra comemorar o aniversário da assistente querida Camis.
* tive na plateia toneladas de pessoas muito especiais me assistindo (e quem perdeu é digno de lástima, #fikadika).
* fui obrigada a concordar com a Agnes, quando ela diz "como os homens são dignos de lástima".
* fui pra Iracema 200 vezes (pra minha alegria extrema).
* assisti "Homens de Papel" (tb do Lucas e com a Carol no elenco) e adorei.
* assisti "Roda Viva" (do Tiago e com o Me de assistente) e adorei.
* (re)descobri que amizades de verdade são pra sempre.
* assisti "Cacilda!!" na Dionisíacas, uma experiência única (afinal, 6 horas de peça, oi?) com o Maykol, a Jaque, o Beto e uma galerinha de Casais Abertos.
* operei a luz em uma peça infantil (Romeu e Julieta) que era a coisa mais fofa do mundo.
* participei da festa de confraternização com a tchurma de "O Sonho".
* deixei em 2010 o que precisava ficar em 2010.
* assisti a outra versão de "O Sonho" (e é óbvio que eu não gostei pq eu gosto da nossa) (e pq transformar o único personagem feliz da peça num hippie depressivo foi trevas, #fikadika).
* assisti "O Rinoceronte", a peça do Lucas que menos tinha a cara dele.
* virei aplicativo do facebook (e quase morri de rir).
* passei um Natal ótimo com a família, muita comida boa e presentes ótimos (roupas, sapato, celular, mochila pra levar minhas coisas pra Sampa e "Orgulho e Preconceito e Zumbis").
* tive uma gripe duzinferno pra acabar o ano.
* desisti da Susan Miller (enganadora!!!).
* passei o reveillón na casa da Dan (e, pra mim, a melhor coisa foi o "Freddie in concert", que eu achei simplesmente genial).

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O necessário, somente o necessário

"Desta forma, o número de definições de teatro é praticamente ilimitado. Para fugir desse círculo vicioso, torna-se necessário, sem dúvida, eliminar, e não adicionar. Por isto, temos de perguntar o que é indispensável no teatro. Vejamos.
Pode o teatro existir sem figurinos e cenários? Sim, pode.
Pode o teatro existir sem música para acompanhar o enredo? Sim.
Pode o teatro existir sem efeitos de luz? Claro.
E sem texto? Sim, a história do teatro confirma isto. Na evolução da arte teatral, o texto foi um dos últimos elementos a ser acrescentado. Se colocamos algumas pessoas num palco com um cenário que elas próprias montaram, e as deixamos improvisar seus papéis como na Commedia dell'Arte, a representação poderá ser igualmente boa, mesmo que as palavras não sejam articuladas, mas apenas murmuradas.
Mas poderá existir o teatro sem atores? Não conheço nenhum exemplo disso. Pode-se mencionar o teatro de fantoches. Mesmo aqui, no entanto, o ator pode ser encontrado por trás das cenas, embora de uma outra forma.
Pode o teatro existir sem uma plateia? Pelo menos um espectador é necessário para que se faça uma representação. Assim, ficamos com o ator e o espectador. Podemos então definir o teatro como o que ocorre entre o espectador e o ator."
(Em Busca de um Teatro Pobre, Grotowski)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O sonho da Poetisa



A peça era chata. Só pra ler já quase morri de tédio. Natural que não tivesse a menor vontade de fazer e natural que tenha lutado fervorosamente contra. Mas foi ela. Decidida pelo grupo. Destinada por eras. O Sonho. De Strindberg.

E, então, eu sonhei. Com aquela profusão de personagens e aquele elenco gigante, a definição do que eu seria me assustava. Ninguém, era minha única opção. Até o sonho... E eu sonhei. Sonhei que o Poeta era Poetisa. O que seria óbvio: toda a agressividade masculina não combinava com ele. O Poeta era leve, era suave, era alguém que enfrentou milênios de confrontos e ainda sorria, sem ter se rendido à força bruta, usando palavras como armas e a fé na humanidade como munição. Como na música que eu amo, o amor era sua arma mais forte.

E, então, o presente: a Poetisa. Era ela e era minha. Era eu. E, num caldeirão de criação, eu coloquei as duas, lá no fundo. As duas que são uma, que são a mesma. A eterna adolescente e a rainha do submundo. A alegria e a dor. A poesia e o pesar. O branco e o roxo. Uma saltitando, girando, com pés que se reduzem a pontas, conduzindo-a à elevação; outra, com o barro, a lama, com os pés fincados num mundo que é dela e que é belo até nos seus aspectos mais grotescos - simplesmente pq ela assim o enxerga. A menina poetisa e a poetisa menina, existente desde o sempre e renascendo a cada segundo. Coré e Perséfone.

E, no caldeirão, eu joguei bolinhas de sabão. E guizos, e tule, e purpurina, e glitter, e brocal, e marshmallow, e jujubas, e pirulito, e folhas de papel. Dei uma misturadinha e taquei angústia, inquietação, repulsa, aversão. E completei com paixão, com fé, com admiração, com encantamento. E, de lá, surgiu a Poetisa. A minha Poetisa.

E, sem querer, por puro capricho do destino, ela se olhou no pequeno espelho quadrado e viu a maquiagem borrada. E, nesse instante, sob o calor das luzes do camarim, ela se encontrou. A maquiagem borrada, a roupa se esfarrapando, os pés sujos de lama, a sujeira em cada mílimetro de seu corpo. Ela estava destruída por séculos de luta pelo que acreditava, por milênios em que vagou pela terra, querendo que a humanidade entendesse que o amor triunfa a tudo. Olheiras fundas por cada vez que os filhos dos homens julgavam que os poetas nada mais fazem do que fingir e inventar. Olhos de quem chorou por cada injustiça que viu. Mas, ainda maior, o sorriso, o deslumbramento diante do existir, o encantamento em cada banho de purpurina, a paixão pela humanidade.

O Deus criou o homem em uma roda de oleiro - ou em outra coisa qualquer - e eu criei a Poetisa no cantinho mais purpurinado do meu coração.

Sweet dreams are made of this...

sábado, 8 de janeiro de 2011

I can't remember anything without you.


Quando “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” foi lançado, eu não dei crédito algum. Tudo que eu conseguia pensar era “Jim Carrey”. E eu definitivamente não tenho paciência para as caretas dele. Mas a história era interessante, traillers e fotos me instigaram e lá fui eu ao cinema. E tenho que confessar: Jim Carrey me ganhou com esse filme. E o filme, a propósito, mudou toda a minha existência.

O filme. Roteiro brilhante, atuações impecáveis, show inesquecível de Kate Winslet (não consigo pensar em uma personagem mais surpreendente que Clementine, por mais que eu me esforce), cenas fofas, momentos hilários, momentos altamente depressivos (Joel ouvindo “Everybody´s got learn sometime” do Beck é de cortar os pulsos), trilha sonora ótima. E ainda é uma das mais lindas histórias de amor já retratadas no cinema.

Jim Carrey. Joel Barrish é um tapa na cara de qualquer um que tenha falado que ele não era um bom ator. E eu me incluo nesse grupo. “Ele só sabe fazer caretas”, era o que eu dizia. Joel Barrish não faz caretas. Nem feliz ele é. Joel é depressivo, triste, melancólico, desiludido. E a atuação de Carrey te faz querer abraçar Joel e, no fim do filme, levantar e bater palmas para Jim. Pois Joel é real, absolutamente real, de uma realidade que chega a doer.

Minha vida. Lembro muito bem do dia em que vi o filme pela primeira vez. Fui acompanhada pela minha amiga que é mais parecida comigo em termos de neuroses e psicoses. Principalmente quando falamos da sétima arte (e, sim, “sétima arte” é um termo clichê, mas adoramos tudo que é clichê!). Na saída, a conversa era um tanto quanto estranha pra pessoas que não atingiram nosso grau de excentricidade: “Quem você apagaria da sua vida?”, “Se você só pudesse guardar 5 memórias, quais seriam?”, “Top 5 pessoas que eu não apagaria jamais”. A conversa continuou por dias... semanas.... Divaguei mais do que deveria até sobre as lembranças que eu queria manter e as que apagaria. E, se você ficou curioso, se eu tivesse que escolher uma só para manter, com certeza seria um almoço de família, com mãe, pai, irmãs, ataques de riso e besteiras inesquecíveis.

Eu não canso de ver o filme. Acho que nunca vou cansar. Já sei boa parte das falas de cor e, mesmo assim, sempre me empolgo como se fosse a primeira vez que vejo o filme. E sempre vejo pra me convencer de que eu não deveria apagar nada e nem ninguém da minha vida, pois cada momento é precioso, cada pessoa é fundamental e as que mais te machucam, te fazem sofrer, te deixam com raiva, são as que mais te farão aprender, mais te trarão alegrias e maior importância terão em sua trajetória.

Um motivo para ver? Se é que ainda precisa de um.... A cena em que Joel e Clementine brincam na neve e ele pede ao médico que o deixe ficar com só essa lembrança. Tente não se desesperar junto.

I carry your heart with me

I carry your heart with me(i carry it in
my heart)i am never without it(anywhere
i go you go,my dear; and whatever is done
by only me is your doing,my darling)
i fear
no fate(for you are my fate,my sweet)i want
no world(for beautiful you are my world,my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life;which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

i carry your heart(i carry it in my heart)

(I carry your heart with me - e e cummings)

(pq eu carrego muitos corações no meu.)

sábado, 1 de janeiro de 2011

Eu li num livro 10

Livro: Maya

Autor: Jostein Gaarder

Doses de sabedoria:

* "O fato de uma resposta não estar a seu alcance não significa que não exista."

* Se existe um Deus, ele não só é um ás em deixar vestígios, mas, sobretudo, um mestre em se esconder. E o mundo não é dos que falam além da conta. O firmamento continua calado. Não há muito mexerico entre as estrelas..."

* "Mas somos seres humanos, e os seres humanos têm uma tendência a procurar sentido onde não há sentido."

* "Se não existisse nada, ninguém sentiria falta de nada."

* Existe um mundo. Em termos de probabilidade, isso é algo que esbarra no limite do impossível. Teria sido muito mais fidedigno se, por acaso, não existisse nada. Nesse caso, ninguém teria começado a perguntar por que não havia nada."

* "A vida é um jogo, pensei, tudo é de açúcar."

* "... que a vida é breve demais e que o ser humano é feito de tal modo que há coisas demias de que tem que se despedir."

* "Então você talvez possa empregar esse tempo limitado em outra coisa que não seja se irritar com a brevidade dele."

* "Costuma acontecer com conhecidos que em determinado momento provocaram algo em você; podem voltar à memória anos depois de o contato físico ter se rompido."

* "Talvez exista um mito sobre uma estrela que caiu do céu e se transformou em estrela-do-mar, disse Laura, se não, poderíamos inventar um nós mesmos, porque nunca é tarde demais para inventar mitos."

* "Você fugiu da minha dor, não suportava viver com a minha dor, pois mal suportava viver com a sua, porque você levava consigo a mesma dor, mas dela era mais difícil fugir. Havia dor demais em casa, dor demais sob um mesmo teto, e você optou por dividir a dor em duas."

* "A sabedoria a posteriori também é uma forma de sabedoria. Pode ser sábio olhar para trás. Somos mais nosso passado do que nosso futuro."

* "Não sabemos para onde vamos. Sabemos apenas que iniciamos uma longa viagem. Quando chegarmos ao fim do caminho, encontraremos a causa ou a explicação para o início dessa longa viagem."

* "A lógica é pobre demais em ambivalência. Por isso também não se presta muito para resolver conflitos ou processos em geral. A lógica está completamente morta, Vera."

* "Passados três anos, continua me parecendo impossível que eu nunca vá ver Sheila de novo. Mas como posso estar tão certo de que não vou me reunir a ela? Estou quase certo, mas não de todo. Com a simples existência do mundo, os limites do improvável já foram superados. Se o mundo existe, por que não haveria de existir outro mundo depois?"

* "Os que querem viver sempre não são os primeiros a se lançar na pista de dança. Não são os que aproveitam a vida. Os dançarinos estão tão absortos na dança da vida que não se deixam distrair pela ideia de que um dia a festa chegará ao fim."

* É mais fácil amar um ser que você não alcança do que amar alguém de quem você não se livra."

* "Ao morrer, como quando a cena está fixada no rolo do filme e os cenários foram derrubados e queimados, somos fantasmas na lembrança que nossos descendentes guardam de nós. Então somos fantasmas, querido, somos mito. Mas ainda estamos juntos, ainda somos um passado comum, um passado distante, é o que somos. Debaixo de um relógio de passado mítico ainda ouço a sua voz."

* "Precisa-se de bilhões de anos para criar um ser humano. E ele só precisa de alguns segundos para morrer."