terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Não há lugar como o lar


Ela odiava aqueles malditos munchkins. Era isso! Aqueles anõezinhos estúpidos. Viviam aquela vidinha boba, mediana... e achavam que eram grande coisa! Se eles soubessem...
Dorothy havia passado por uma longa jornada para chegar ali. Aquele inferninho que os munchkins chamavam de lar. Tudo bem, não há lugar como o lar, ela sabia BEM disso. Mas não o lar daquelas coisinhas.
Quando botou inicialmente seus pequeninos pés na tal estrada de tijolos amarelos, estava acompanhada por 3 pessoas. Pessoas entre aspas, talvez. O que importa é que as criaturas se tornaram 3 amigos. 3 dos melhores amigos que Dorothy poderia ter.
Primeiro veio o Espantalho. Ele a fazia rir. Era o que mais lembrava dele. Não tinha cérebro, mas havia lhe proporcionado as mais interessantes conversas que tivera na vida.
Depois, o Homem de Lata. Aparentemente, não tinha coração. Que bobagem! Dorothy não demorou pra descobrir que a casca dura e o jeito “to nem aí” escondiam um lindo coraçãozinho.
E aí o Leão. Que não tinha coragem pra muitas coisas, mas, ironicamente, era quem fazia com que a menina tivesse mais coragem, sempre.
3 maravilhosos companheiros de jornada. Um time. Uma equipe. Um grupo. Um por todos e todos por um.
Ela, que queria tanto voltar ao Kansas, descobriu que queria mais – muito mais – estar ali, vivendo aquela enorme aventura, ao lado daquelas criaturinhas fantásticas.
O Mágico sempre a acompanhava também. De uma forma ou de outra. O Mágico a convencera a não abandonar a estrada, inicialmente. Depois, o Mágico a fizera mudar tanto e compreender tantas coisas sendo uma outra menininha de vestido azul. E, mesmo quando o Mágico aparentemente abandonara o grupo na jornada, ele estava lá. De uma outra forma, mas estava.
Mas as coisas mudaram...
O Leão, que não tinha coragem, quem diria??!! Havia experimentado a coragem. A ousadia. Havia se permitido. E se encantado. Tanto e de tal forma que a jornada ali, ficou pequena pra ele. Ele era mais, ele brilhava mais. Ele tinha um caminho a seguir. Claro, continuava em contato freqüente com Dorothy. Grandes amizades não terminam assim. Mas estava em outro caminho, outro grupo. Fora da estrada de tijolos amarelos.
O Espantalho... Bom, ele não tinha cérebro, não é? Não adiantava o Mágico dar um diploma pra ele. Ele nunca ia entender certas coisas. E as que ele entendia, ele entendia como queria e não como realmente eram para Dorothy. E aí, eles brigaram. De uma maneira estranha, que ninguém entendeu. Nem eles, suspeito. Ele, pq não tinha cérebro. Ela? Pq seu cérebro não funcionava muito bem. E, no fundo, ela ainda era uma menininha tirada de casa por um tornado, não era? O que ela podia entender, se o tornado ainda estava ali, tão presente, no seu cérebro e no seu coraçãozinho? E se afastaram. E ela já não sabia mais dele. E achava que a falta de cérebro não deixava ele entender que grandes amizades não terminam assim. E cogitava a possibilidade de ele não ter nem cérebro, nem coração, afinal, Dorothy havia feito tanto e se doado tanto... e ele não hesitara em machucá-la, não é? E, pior que tudo isso, Dorothy Gale constantemente se detestava, pq ainda era dele que sentia mais falta... dele e de seu “Dorothy, adoro-te!”, que ela já nem sabia se era real...
E o Homem de Lata. Ele não iria abandoná-la. Nunca! Ele tinha um grande coração, sabe? E ele estava com ela quando seus sapatinhos vermelhos a levaram de volta à cidadezinha dos munchkins. E ele dividiu o desespero e a raiva dela. Ouviu quando ela disse “O que vai ser da gente, no meio desses cotocos?”. Indignou-se também. Glinda era bacana, podia ajudá-los. Mas os munchkins? Jesus, eles eram terríveis.
Só que aí o Homem de Lata confessou seus planos. Ia atrás do Leão. Nem era por ele, mas onde ele estava, seria melhor, entende?
Dorothy entendia.
Mas não gostava.
Estava sozinha de novo, naquela cretina estrada de estúpidos tijolos idiotamente amarelos.
E nem o Mágico a ajudaria.
E ela já não sabia se queria seguir a estrada. Se queria ir pro Kansas. Se queria viver em Oz.
O que ela sabia era que não havia lugar como o lar. E o lar não era ali. E nem no Kansas. E nem em ponto algum da estrada.
Lar não era um onde.
Lar não era um quando.
Lar era um com quem.
Lar era estar com o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata...

3 comentários:

Ana Paula Marques disse...

Oi Talita, tudo bem?
Bacana seu blog. Já havia lido alguns post mas não tinha deixado comentário. Legal mesmo!

Dá uma passada no meu tb!
http://jofeminino.blogspot.com.br

Bjs

Ana Paula Marques disse...

Tally,

linka meu blog no seu. Estou linkando o seu tb!

Bjs

Blower's Daughter disse...

Home Is Where It Hurts - Camille

My home has no door
My home has no roof
My home has no windows
It ain't water proof
My home has no handles
My home has no keys
If you're here to rob me
There's nothing to steal
A la maison
Dans ma maison
C'est là que j'ai peur
Home is not a harbour
Home home home
Is where it hurts
My home has no heart
My home has no veins
If you try to break in
It bleeds with no stains
My brain has no corridors
My walls have no skin
You can lose your life here
Cause there's no one in
Home is not a harbour
House not a hearse
Home is not a harvest
Home is where it hurts
Né dans l'œuf
Oui c'est au fond de l'œuf que l'on se tue
T'a posé tes clés
Là où t'es t'es bouclé
T'as posé tes pieds
Là où c'est hanté
My home is no one


Bjokas!;)