Lerni ou Lernini?
Ainda
jovem, com pouco mais de 18 anos, Machado decide se juntar ao Exército para ir
à Itália, lutar na Segunda Guerra Mundial. Junto à FEB (Força Expedicionária
Brasileira), conhece a Europa e o lado obscuro da humanidade: vê pela primeira
vez uma pessoa morrer, embora não tenha chegado a matar ninguém durante sua
participação no entrave. A inexperiência e o espírito brincalhão fazem com que
seja o único de sua divisão a ser expulso.
Lernini
retorna ao Brasil, mas ainda não está satisfeito. Queima seus documentos e, em
meio ao caos e a desorganização típicos do Brasil, consegue fingir que perdeu
os mesmos e, assim, faz uma nova certidão de nascimento e outra cédula de
identidade. E atinge seu objetivo: troca o Lernini por Lerni e muda a data de
seu nascimento, se tornando, praticamente, uma nova pessoa.
O
novo Lerni oferece-se sorridente para ir (voltar) à Itália, com a FAB (Força
Aérea Brasileira). Passa cerca de dois anos ainda em território europeu, meses
decisivos para o resto de sua existência. A guerra o torna mais bruto, mais
agressivo, mas a proximidade da morte faz com que perca totalmente o medo da
mesma e encare a vida de maneira diferente, sempre disposto a aproveitar cada
dia como se fosse o último, no melhor estilo “carpe diem”. Por isso, hoje o
velho Machado lê muito, come muito, bebe muito, fala o que pensa e dorme pouco,
sempre esperando o fatídico encontro com o fim de seus dias.
Além
disso, Lerni fez muitos amigos no Exército e na Força Aérea. Tornou-se mais
comunicativo e popular. É presença constante nas reuniões de veteranos de
guerra em Niterói, onde adora lembrar os casos engraçados – e também os
escabrosos – do período. Sempre que pode, leva os netos para apresentar aos
velhos amigos. Na saída, repete para cada um de seus familiares: “As reuniões
aqui são chatas, sem emoção. Bom é no Rio, que os caras não têm pernas, não têm
braços. Tem um que não tem um pedaço da cabeça!”.
(infelizmente, essa é a última parte do trabalho que eu ainda tenho... o resto se perdeu...)
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