segunda-feira, 22 de abril de 2013

O Velho Machado - Parte 5




Lerni ou Lernini?

            Ainda jovem, com pouco mais de 18 anos, Machado decide se juntar ao Exército para ir à Itália, lutar na Segunda Guerra Mundial. Junto à FEB (Força Expedicionária Brasileira), conhece a Europa e o lado obscuro da humanidade: vê pela primeira vez uma pessoa morrer, embora não tenha chegado a matar ninguém durante sua participação no entrave. A inexperiência e o espírito brincalhão fazem com que seja o único de sua divisão a ser expulso.

            Lernini retorna ao Brasil, mas ainda não está satisfeito. Queima seus documentos e, em meio ao caos e a desorganização típicos do Brasil, consegue fingir que perdeu os mesmos e, assim, faz uma nova certidão de nascimento e outra cédula de identidade. E atinge seu objetivo: troca o Lernini por Lerni e muda a data de seu nascimento, se tornando, praticamente, uma nova pessoa.

            O novo Lerni oferece-se sorridente para ir (voltar) à Itália, com a FAB (Força Aérea Brasileira). Passa cerca de dois anos ainda em território europeu, meses decisivos para o resto de sua existência. A guerra o torna mais bruto, mais agressivo, mas a proximidade da morte faz com que perca totalmente o medo da mesma e encare a vida de maneira diferente, sempre disposto a aproveitar cada dia como se fosse o último, no melhor estilo “carpe diem”. Por isso, hoje o velho Machado lê muito, come muito, bebe muito, fala o que pensa e dorme pouco, sempre esperando o fatídico encontro com o fim de seus dias.

            Além disso, Lerni fez muitos amigos no Exército e na Força Aérea. Tornou-se mais comunicativo e popular. É presença constante nas reuniões de veteranos de guerra em Niterói, onde adora lembrar os casos engraçados – e também os escabrosos – do período. Sempre que pode, leva os netos para apresentar aos velhos amigos. Na saída, repete para cada um de seus familiares: “As reuniões aqui são chatas, sem emoção. Bom é no Rio, que os caras não têm pernas, não têm braços. Tem um que não tem um pedaço da cabeça!”.

(infelizmente, essa é a última parte do trabalho que eu ainda tenho... o resto se perdeu...)

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