quinta-feira, 14 de março de 2013

VIVENDO NA TWILIGHT ZONE




Atualmente, um dos melhores momentos pra mim é quando todo mundo vai dormir e eu fico na sala do sítio vendo filme. É uma espécie de rotina, eu sempre fiz isso nos finais-de-semana. Sempre eu, deitada no chão, e a Bruna dormindo no sofá. Ainda hoje, eu posso criar essa idéia de que ela está lá. Claro, às vezes eu olho pra trás e não a vejo. Às vezes eu estico a mão e não toco no rosto dela, no cabelo dela e nem ouço ela dizendo "O que tá acontecendo? O que tá acontecendo?" no tom típico de desespero dela antes de cair no sono de novo em questão de segundos. Nessas horas eu percebo que a mãe e a Dani também não estão na sala. Conclusão óbvia: as três estão dormindo no quarto. 

Algumas vezes eu percebo que me enganei. Outras vezes eu vou dormir iludida e só percebo que a Brú não tá aqui de manhã (quando a única vontade que eu tenho é pular em cima dela e cantar "Todo mundo acordando já, o lindo sol irá brilhar, passarinhos a cantar, acordando, acordando já"). Nesse momento eu vejo que tudo que aconteceu era surreal demais pra ser inventado, até mesmo por uma mente bizarra como a minha. Mas, what the hell, não é surreal demais pra ser de verdade, pra ter realmente acontecido? Não é surreal demais saber que a foto da sua irmã de 15 anos está na conhecida mesa dos mortos da sala da casa da sua tia-avó de 70 anos? Se eu não tô vivendo na twilight zone, eu não sei o que é isso que está acontecendo... 

Pode ser que não seja de verdade verdadeira. Tenha sido inventado, como todo o resto desde os primórdios da existência humana, por um roteirista maluco mais conhecido como força que controla o Universo, Deus, destino ou algo do gênero. Um idiota que veja algum sentido em colocar mais tragédia e drama no seu filminho besta. Cena X - Bruna num churrasco, feliz; cena Y - carros se chocam; cena Z - familiares e amigos choram abraçados ao caixão. Seguidas de 347 milhões de cenas de dor e sofrimento. Esse cretino acha o quê, que isso vai ser sucesso de bilheteria, é? 

Se for assim... Não sei se imploro por uma mudança de roteirista - um que possibilite uma volta no tempo, algo meio Donnie Darko - ou desejo ardentemente a chegada, o mais rápido possível, dos créditos...

(texto de 29 de junho de 2005... saudade de sempre...)

Um comentário:

luvelasco@ambiental.adv.br disse...

Nossa...engulo as palavras e te digo: " não sei nada e sinto tudo" tudo verdade, tudo surreal, tudo breve e tudo é finito. Tudo é apenas esse momento.