Meus livros, seus livros
Quando
aprendeu a ler, a menina deu um passo em direção ao velho. Começou a entender o
que o fascinava tanto naquelas letrinhas e se apaixonou profundamente pela
mesma paixão de Lerni. A aproximação foi lenta e gradual e só se efetivou
quando a menina foi aprovada para cursar História em uma das melhores
faculdades do estado de São Paulo.
O
velho aproveitou que ela estava em Niterói, visitando uma tia-avó e foi dar os
parabéns. Entrou na sala de estar repleta de enfeites e santos, usando camisa e
calça social e com um embrulho grande debaixo dos braços, que entregou com um
sorriso para a jovem. Dentro, um enorme livro vermelho, intitulado “Os grandes
mistérios do passado”, com a dedicatória “Para minha primeira neta
universitária, histórias para você contar no curso de História”.
Era
apenas o primeiro livro que ela receberia das mãos dele. Contudo, era mais que
isso; era o início de tudo, da amizade, da aceitação, da admiração e da
sensação de que um avô não precisa andar com chicletes e pirulitos nos bolsos.
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