João era um menino feliz. Era livre. Podia fazer o que quisesse. E tinha pena dos outros que ficavam presos dentro de casa.
Ao passar por uma janela, viu um menino preso em casa, olhando pra rua. Então, perguntou:
- O que está fazendo?
- Olhando a rua.
- Qual é seu nome?
- Meu nome é Marcos. E o seu?
- João.
- Prazer em conhecê-lo, João.
- Não quer sair para ver mais de perto a rua?
- Meus pais não deixam.
- Por que não?
- Dizem que é perigoso.
- Você gosta de ficar aí dentro?
- Gostar, não gosto muito. Mas sou feliz.
- Como?
- Tenho casa, comida, brinquedos, roupas, pais que me adoram, amigos e muitas outras coisas.
- Mas você não é totalmente feliz.
- Por que não?
- Tem uma coisa que falta para você ser feliz. Uma coisa que eu tenho e que você não tem.
- O quê?
- Uma coisa que todos precisam ter.
- Diga, o que é?
- Liberdade.
E sai feliz pelas ruas, livre como sempre, o João.
(outubro de 91, 5ª série, redação com o tema "imagine um diálogo entre dois meninos; um está na rua, livre para fazer o que quiser, e o outro preso", com uma - injusta, rs - nota 7)
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