Já tinha virado um costume. Era só chegar quinta-feira que ele já esperava ansiosamente pelo dia de sábado. O seu coração batia no ritmo do relógio e ele, assim, percebia o tempo que faltava para o esperado dia. Para ele, uma semana era só o espaço que separava um sábado do outro.
Quando o dia chegava, ele repetia os mesmos atos do sábado passado. Era quase um ritual no qual ele levantava cedo, tomava seu café, pegava o rádio e a almofada e ia para o estádio.
Estádio? Aquele campinho precário era quase uma várzea! Mas era lá que seu coração e sua mente ficavam a mil por hora; aguardando, durante horas seguidas, a entrada triunfal de seu time.
Não tinha escolhido bem o seu time; este não ganhava há anos. Sinceramente, ele nem se lembrava de uma vitória de seu time. E os amigos caçoavam, a família reclamava. Inocentemente, ele repetia: "Um dia, nós ganhamos!".
Ganha nada! E ele nem quer mesmo que ganhe. Sabe que, quando isso ocorrer, não precisará mais torcer. Para falar a verdade, ele nem gosta de futebol. Mas está sempre lá; por uma razão inexplicável, mágica.
(2º colegial, tema - crônica, redação nota 8,5, de 14 de março de 1996)
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