- "Toda vez que te vejo percebo que a química realmente existe. Em mim, um rebuliço de elétrons, prótons, nêutrons. Todos os meus átomos enlouquecem numa ânsia desvairada por te encontrar. Fico elétrica, viro uma pilha humana. E nenhum químico jamais encontrará remédio para o que sinto. A certeza de que te venero é tão clara para mim quanto H2O, com toda sua polaridade e seu ângulo de 104°28'. Vamos fazer uma ligação iônica?"
- Não acredito que você mandou isso pra ele, Marcela!
- Mandei, Renata, pior que mandei!
- Pior por que?
- O idiota do Pedro só ajeitou o óculos, fez uma linda bolinha de papel e... cesta!
- Que idiota!
- Eu sei!
- Só não entendi o final.
- Ô, anta, que que é ligação iônica?
- Metal com não metal.
- Então... - Sorri. Meu aparelho brilhava sob o sol de domingo.
***
- "Hoje, na aula de Física, me pus a pensar. Quais os movimentos que terei que faazer pra te conquistar? Retilíneos uniformes? Uniformemente variados? Parece que você se cercou de resistores, que não permitem minha aproximação. Estou passando por uma transformação adiabática: meu volume diminuiu, minha temperatura e a pressão sobre mim aumentaram. Será que você me explicaria a teoria da atração dos corpos?"
- E?
- Outra belísima cesta, Renata! Estou gastando meu talento à toa.
- Será que ele tá entendendo?
- Rê, ele é o mais inteligente da classe.
- Mas você é poética demais!
- Quem sabe...
***
- "Matematicamente falando, eu E você! Quero somar-me a você, para subtrair a angústia que sinto. Quero dividir com você meus bons e maus momentos para multiplicar minha alegria. Quero elevar minha felicidade ao quadrado. Está certo que somos gráficos diferentes, mas será que você não descobriria a intersecção?"
- Esse tá bonito.
- Tá lindo... lá no lixo da escola.
- Que que você vai fazer agora, Lela?
- Não sei! Eu cansei já. Agora é o último.
***
- "Já percebi que é um ótimo jogador de basquete. Mas não é tão inteligente quanto pensava, perdeu a oportunidade de ficar comigo."
- E ele?
- Esse ele guardou.
- Que esquisito!
- Ele que se dane!
***
- "Ao contrário do que pensa sou um gênio. Será que a magnífica poeta voltaria atrás e me encontraria na lanchonete às 15h30?"
- Nossa! Estou surpresa!
- E eu, encantada, Rê! Que horas são?
- 15h15... Boa sorte, Lela!
(eu lia tantos livros pra adolescentes que, com 14 anos, resolvi começar a escrever minhas próprias histórias pra adolescentes... rs)
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