terça-feira, 3 de julho de 2012

O poder nos e dos diários - Parte III


Quinta, 21 de março de 2002


Como? Como? Como é possível alguém acabar com toda a fibra? Auto-confiança? Toda a dignidade de uma pessoa?


Marcelo Marcella é a pessoa (com nome de transformista, a propósito) mais desprezível que eu poderia conhecer em toda a minha existência terrena! Como ele pôde?


Estava eu todo confiante, cheio de argumentos brilhantes, pronto para mostrá-lo como seu comportamento com empregados é deselegante. Falei sobre a escritura do muro da empresa e como ela era importante para todos os subordinados humilhados diariamente por todo o mundo e quando estava pronto para falar que ele deveria refletir sobre suas atitudes e como elas deveriam mudar, ele bateu as mãos na mesa e:


- Senhor Pedro Prestes, então o senhor é responsável pelo ato de vandalismo em nosso muro?
- Como vandalismo, sr. Marcella? E não fui eu...
- Pichação é vandalismo sim, sr. Prestes. Bem no dia da fiscalização... é uma afronta pessoal, na verdade!


A partir daí não abri mais a boca. A droga do M.M. bradava tão ferozmente que podia ver todas as gotículas nojentas de cuspe saindo da boca daquele vil e molhando um documento, que sinceramente torço para que seja muito importante e esteja arruinado.


Não bastasse toda a eternidade de ofensas, o desgraçado ainda me demitiu! Mas tudo bem!  Manterei-me forte, recuperarei minha confiança e arrumarei umemprego muito melhor. Como fala o livro que comprei após a reunião-tragédia: tudo depende de um equilíbrio de chacras. Sim! Já me sinto melhor!


Ah, droga! Perdi meu livro "Como não fazer tempestade em copo d'água no trabalho".


(Era março de 2002 e a professora de Redação pediu que cada dupla escrevesse um texto praticamente livre baseado na frase "Quando você for martelo, lembre-se de que já foi prego". Eu e a Éve provamos nossa tendência pra literatura com esse texto e recebemos nota máxima. E houve boatos de que o texto tinha que ser "jornalístico" por ser uma faculdade de Jornalismo... rs)

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