Da última vez eu falei da tia, irmã da mãe. Aí ontem ela mandou uma carta pra cá. A mãe disse que ela tava feliz e animada. E que ela tá quase tendo mais um filho. Ela já tem um, meu primo Sílvio. Mas os dois são filhos do moço que abandonou a tia. Meu pai disse que ele não presta e nunca prestou, que namorou um monte de moça e largou, que nem largou minha tia. A mãe queria passar um tempo com ela, levar um dinheiro e algumas coisas pra ajudar. Mas o pai disse que não pode, que ela escolheu o caminho dela e, se ela passa dificuldade agora, esse é o castigo de Deus por ela ter filho sem nem casar direito. Eu perguntei pra mãe o que era casar direito e ela disse que é na igreja, que a tia casou rápido e escondido de todo mundo e não foi na igreja. A mãe chorou, mas depois disse que o pai tava certo, que ela não podia compensar os erros da irmã dela. A gente só pode rezar pra ela ficar bem e perceber a besteira que ela fez, pra ser perdoada. Eu acho ruim a gente não poder ver a tia e nem nossos primos. Eu queria uma priminha, pra brincar comigo e ser minha amiga. A Tete também podia brincar com a gente. Mas o pai sabe de tudo e o que ele fala é certo. E eu, quando casar, vou casar direito na igreja. Vou fazer que nem a mãe e não que nem a tia.
Emília
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