Um belo dia, minha mãe (também conhecida como Sra. Melhor Mãe do Mundo), me levou pra assistir a uma peça dos smurfs. E lá estava eu vendo aquelas criaturinhas azuis. NA MINHA FRENTE! Pertinho. Tão real, tão de verdade... E a casa do Papai Smurf girava no palco e eu podia ver dentro. Era tão, mas tão mágico!
Do alto dos meus 3/4 anos, me encantei por completo. Passei a peça toda de boca e olhos arregalados, com aquele brilho no olhar que a gente tem só quando tem até 1 metro de altura e acorda na manhã do dia 25 de dezembro e encontra a árvore de Natal LOTADA de presentes reluzentes.
Eu achei que nunca mais fosse me sentir assim, que esse encantamento fosse parte da infância e que, passando de 1 metro (não muito, aliás), a gente perdesse essa capacidade de enxergar a mágica e arregalar olhos e boca o máximo possível, incontrolavelmente.
Sábado passado eu fui assistir ao Grupo Galpão, no Parque da Independência. A peça era "Till". Um lugar aberto, milhares de pessoas, lua quase cheia, clima ameno. Eu, sentada no chão, na lateral do palco, com vista privilegiada de peça e bastidores.
E, de repente, com menos de 20 minutos de peça, aconteceu. Meus olhos foram se arregalando, a boca idem. Logo, chegou o brilho de visão natalina. Aquilo era ainda melhor do que todos os presentes que o bom velhinho poderia me dar.
Era uma perfeição de texto, interpretação, vozes, efeitos, cenário, figurino, música, maquiagem... E luz, e cor, e som e fúria.
Me senti com 3 anos.
Me senti no dia 25 de dezembro.
Me senti revendo os smurfs.
"Lala-la-la-la-la, sing a happy song..."
Encantada.
O Grupo Galpão é pura mágica.
O mediador de um vislumbre mais alto.
E, ainda bem, eu estava preparada para receber a mensagem desse vislumbre.
O encanto mágico do teatro, num sentido mais amplo, está na capacidade inexaurível de apresentar-se aos olhos do público sem revelar seu segredo pessoal. O xamã que é o porta-voz do deus, o dançarino mascarado que afasta os demônios, o ator que traz a vida à obra do poeta - todos obedecem ao mesmo comando, que é a conjuração de uma outra realidade, mais verdadeira. Converter essa conjuração em "teatro" pressupõe duas coisas: a elevação do artista acima das leis que governam a vida cotidiana, sua transformação no mediador de um vislumbre mais alto, e a presença de espectadores preparados para receber a mensagem desse vislumbre.
(Margot Berthold)
2 comentários:
Sei bem o que é essa sensaçao, sinceramente, é por causa dela que eu faço teatro!
Oi, querida!!!
Post lindo demais!!! Amei!!!
Eu mantenho em mim esse encantamento que a gente sente qdo é criança! É só por isso que eu comemoro o Natal (eu sou atéia). É pelo vislumbre, pela magia! Adoroooo assistir algo que me faça abrir a boca, arregalar os olhos e paralisar, encantada! É uma pena que eu não tenha visto o Grupo Galpão! Uma pena mesmo!!!
Mto lindo este texto final do seu post!!!^^
Bjokaaas, linda!
Te adoroooo!!!
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