terça-feira, 21 de outubro de 2008

Herança allende-garciamarquez-almodovariana




Era uma vez uma menininha. Ela nasceu em Macondo, dentro de um livro de Gabriel Garcia Marquez. E, por isso, coisas incríveis aconteciam na vida dela. Realismo fantástico comandando sua existência. Só que, mesmo nascendo ali, sua gestação remontava a outra mente, outros mundos. Ela era uma personagem de Isabel Allende, nascida num livro de Garcia Marquez. Ela tinha todas as características herdadas, sua herança allendiana: era um desses - poucos e raros - seres nascidos para o ódio exarcebado, a vingança apocalíptica, o heroísmo mais sublime e a grandeza de um só amor. E aí ela cresceu. E se mudou. E foi viver em um filme de Almodovar, num infinito de cor e luz e som e fúria. Ela era uma personagem de Isabel Allende, nascida num livro de Garcia Marquez, vivendo num filme de Almodovar. E ninguém entendia isso. Ninguém podia imaginar de onde saía tamanha intensidade, herdada por eras, carregada por vidas. E, olhando para o rosto sereno dela, ninguém imaginava o turbilhão interno e eterno, o caos que ela carregava, as dores e as delícias que latejavam em cada célula de seu corpo. E, por ninguém saber, por ser seu segredo profundo, doía ainda mais.



* Música da vida do momento:






Um comentário:

Roberto HM disse...

Carregando mundos, para aqui e além. Por isso ser astronauta é tão legal...no fundo, somos astronautas. :)