terça-feira, 29 de setembro de 2009

As crianças do jardim de infância

Dia desses, tava no mexicano (arriba!) com a Msla e o Lauri. Conversa vai, conversa vem, chegamos ao tema que, aparentemente para ambos, é pura diversão e pode ser definido como “minha briga com a Tally”.
Além de ambos terem se formado comigo e serem duas das pessoas mais fantásticas que eu conheci na vida, eles têm isso em comum: brigas e longos períodos sem falar comigo. Ela, cerca de 1 ano. Ele, o triplo disso.
E, então, lá estava ele, em meio a chilli fries, falando sobre a conversa do MSN que eu mandei pra ele há pouco tempo. Tal conversa ocorreu quando nós já estávamos brigados e sem conversar. Foi naquela fase em que o ex-amigos querem reaparecer só pra machucar, pq pensam que não é justo só eles estarem sofrendo (acreditem, os dois sempre estão sofrendo muito; só que a gente só conhece a própria dor). E a conversa – inútil e imatura e mil vezes cruel – tinha lá um ponto surreal: “você é feia!”, “você é gordo!”. Oi? Fora de contexto isso certamente seria inserido em uma cena de jardim de infância, céus! E eu guardei essa conversa (guardo muita coisa no meu gmail arraso!) e mostrei pra ele recentemente. Ele riu, eu ri. Na mesa do mexicano, logo depois dele ter contado, nós três rimos muito (óbvio!).
Hoje eu estava em um dia meio deprê (por muitos motivos... enfim...). Fui conversar com o Davi no MSN.
Antes, alguns fatos sobre o Davi: ele é absurdamente divertido, toda conversa com ele garante boas risadas. Tb é um dos meus grandes amigos (e foi o mais próximo, durante um certo tempo). E nós tb brigamos e ficamos anos sem contato.
Pausa: algo muito legal que eu aprendi com o tempo foi que amizades “terminadas” normalmente voltam a existir do nada e melhores. Do nada? Não sei... Prefiro acreditar que tinha que ser assim...
Pois bem... Estou lá conversando com o Gansão (eu simplesmente gosto de chamá-lo assim) e ele solta:
- ... você lembra pq a gente brigou?
- Eu não lembro que dia é hoje. Responde?
Bom, momento de voltar ao passado, óbvio. Entre fatos cômicos e muitas divergências de interpretação dos acontecimentos, percebi que brigamos por coisas bobas. Por coisas que deixaram de ser importantes no jardim de infância. De novo.
Até então, o que eu aprendi? Que a gente briga muito por bobeira. Muito mesmo! E que a gente devia perceber isso mais cedo. Pedir desculpas mais cedo. Desculpar mais cedo. E perder menos tempo das pessoas importantes. Eu perdi anos de conversas, passeios, abraços, conselhos, carinhos e risadas dessas 3 pessoas queridas. E não é que eu me arrependa do que aconteceu... Eu sei que tudo que existiu no passado me fez ser quem eu sou hoje e, por isso, é válido. Eu só penso se “anos” não é muito tempo, se a gente não podia ter ficado só em “meses” ou “dias”, tempo mais do que suficiente pra “poeira baixar” e a gente se dar conta do valor daquelas pessoas.
Pausa: a partir de agora, minha meta é não chegar a “meses”.
Essa semana eu recebi um email. Totalmente inesperado. E confuso. Informação importante: a pessoa que enviou o email já foi uma das minhas grandes amigas e eu não falo com ela há espantosos 8 anos. E, de repente, lá estava o email. Confuso, mas bacana. Surpreendente, mas uma surpresa espantosamente boa.
Ela falava em culpa, em coisas blé do passado. E eu me peguei pensando em uma história que já era praticamente esquecida... Eu sabia que tinham coisas péssimas no passado, mas... quais? Sim, eu tive raiva. E qual foi o motivo? Não lembrava... Consegui pensar em 2 ou 3 grandes bobeiras – as tais coisas do jardim de infância. Mas, quando parei pra lembrar, a lembrança mais forte era de nós duas rindo. Rindo muito. Quando me esforcei por uma lembrança mais específica, ouvi a voz dela dizendo “Você é tão engraçada...”. Eu descobri que era engraçada aí. E, nesse momento, ela foi muito importante na minha trajetória. E nenhuma lembrança péssima.
Grande descoberta da semana: eu não sou rancorosa. Sempre achei o contrário, confesso. A best diz que minha memória é assombrosa, que eu lembro detalhes mínimos dos acontecimentos. É, eu sempre fui assim. E, por isso, achava que rancor e mágoas eram constantes na minha vida. Surprise, surprise: não são! Eu tenho facilidade em esquecer os aspectos negativos de “confrontos” do passado e reter só as boas lembranças.
E, então, em meio a tantas indas e vindas, fins e recomeços, coisas repensadas e – ainda bem! – um saldo bem positivo de tudo isso, fico tensa só em pensar se não pode ser prejudicial essa tendência a esquecer coisas ruins e manter vivinhas na memória as coisas boas. É que tem amizades que terminam por motivos diferentes dos do jardim de infância (ou não... vai saber...). É que tem horas que a gente sente uma saudade tão grande e precisa tanto lembrar de coisas ruins para doer menos. E aí, mesmo relendo emails antigos (alguns bem cruéis), mesmo pensando em tudo que machucou e machuca, mesmo já tendo os olhos ardendo de tanto chorar, mais forte que tudo, fica sempre a sensação de estar perto, lado a lado, as vozes baixas dividindo problemas (que diminuíam...), o alívio chegando, acompanhado do sorriso confortador e dos (grandes) olhos que prestavam atenção de verdade (tão raro hoje em dia, essa atenção...)... e terminando nas risadas. Sempre. Num futuro, eu quero isso; quero só as lembranças boas. Mas... agora?... Sei não... Sei que talvez as lembranças ruins (os anzóis que machucam) sejam mais protetores...
E sei que, por meta, eu não devia deixar chegar a “meses” (ainda mais qdo já chegou uma vez). Mas tem coisas que independem de mim...

sábado, 26 de setembro de 2009

Home is knowing

Scarecrow: Success, fame, and fortune, they're all illusions. All there is that is real is the friendship that two can share.
Dorothy: That's beautiful! Who said that?
Scarecrow: [modestly] I did.

Scarecrow: I'll think about you all the time, Dorothy!
Tinman: And I'll miss you... every day. Even if I had to go back to that junk pile... even as teeny's seat cushion... I wouldn't mind... because I have known... real love.
[
cries]
Dorothy: Aww... don't rust yourself now.
[
wipes away the tears]

Glinda the Good: Hello, Dorothy.
Dorothy: Please, is there a way for me to get back home?
Glinda the Good: Well, Dorothy, you were wise and good enough to help your friends to come here and find what was inside them all the time. That's true for you, also.
Dorothy: Home? Inside of me? I don't understand.
Glinda the Good: Home is a place we all must find, child. It's not just a place where you eat or sleep. Home is knowing. Knowing your mind, knowing your heart, knowing your courage. If we know ourselves, we're always home, anywhere.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O feixe

“Por que tem de me ferir, se gosto tanto de você? Se não posso fazer nem querer nada mais, pois o amor tomou conta de mim, me alimentou e foi o que me sustentou em dias melhores? Por que vou me cortar, desfigurar meu rosto e me encher de pesar? Eu apenas o amei por sua beleza como você me amou pela minha nos dias em que o mundo ainda não seguira adiante. Agora você me marca com unhas e derrama gotas ferventes de mercúrio no meu nariz; tem mandado os animais para me atacar, assim é, e eles têm comido minhas partes mais tenras. Ao meu redor os can-tai se agrupam e do riso deles surge a paz. Contudo, eu ainda o amo e o serviria e traria de novo a mágica se você me deixasse, pois foi assim que meu coração foi forjado quando saí do Primal. E antigamente eu era forte, assim como era bonito, mas agora minha energia está quase acabada. Se a tortura parasse agora, eu poderia me recuperar... se não a aparência, pelo menos minha energia e minha kes. Outra semana... ou talvez cinco dias... ou mesmo três... e será tarde demais. Mesmo que a tortura pare, vou morrer. E você vai morrer também, pois quando o amor abandona o mundo, todos os corações se calam. Fale a eles do meu amor, fale a eles da minha dor e fale da minha esperança, que ainda vive. Pois isto é tudo que tenho, tudo que sou e tudo que peço.”

domingo, 13 de setembro de 2009

Pérolas do Tio Peter


“Então meu pai perguntou-me: ‘O que você preferiria, um centavo dourado e brilhante ou seis centavos cinzentos e sujos?’. Fiquei atordoado com a pergunta; podia sentir que havia nela um certo ardil, mas eu sempre optaria pelo centavo brilhante.”

“Sempre levamos conosco, a qualquer lugar que vamos, toda a nossa vida.”

“Cheguei à inesperada descoberta de que o momento crucial, que pode nunca mais voltar a acontecer, está acontecendo a todo o tempo.”

“Nada em um espetáculo teatral é mais importante do que as pessoas das quais ele é composto.”

“Se se é paciente e, acima de tudo, respeitoso, as coincidências acontecem, e as portas abrem-se por si mesmas.”

“O sentido mais preciso da vida é sempre encontrado na presença da morte.”

“É difícil porque é difícil.”

(só pq hoje eu pensei muito em Peter Brook)

sábado, 12 de setembro de 2009

É difícil porque é difícil

A discussão era sobre traição.

A experiência dela – pouca... mínima – não permitia que ela emitisse qualquer julgamento. Trairia? Como reagiria diante de uma traição? Não sabia e não tinha como saber. Sabia em que acreditava: que havia ocasiões e ocasiões. Ocasiões em que poderia haver perdão e ocasiões em que tortura seguida de morte seria o mais leve dos castigos. Preferiu o silêncio.

Até o momento em que ouviu a expressão “traição entre amigos”. Neste momento, foi como se mil engrenagens começassem a trabalhar a todo vapor em sua mente. A traição entre amigos é absurdamente mais ampla do que todas as outras traições. Quando se está em um relacionamento amoroso, trair é basicamente se envolver com outra pessoa. Dentro de uma amizade, trair é muito mais. Tudo que resulta em desrespeito, tudo que machuca, tudo que abala a confiança... tudo pode ser encarado como uma traição.

E essa traição ela conhecia. E bem! Já havia sido desrespeitada, machucada por tantos pretensos amigos. Já confiara em vão por vezes infinitas.

Um dos pontos mais complicados da traição entre amigos, ela sabia bem, é que há uma quase obrigação em se perdoar. A gente se torna quase santo, esquece, finge que não vê, se esforça de forma sobre-humana para preservar uma relação com amigos. Talvez por ser a amizade a forma mais pura de amor, a mais incondicional. Em família, apesar de tudo, há a convenção do sangue, embasando uma relação. Entre um casal, há o desejo, a recompensa física. Entre amigos? Não há nada. Há o amor puro e simples. Obrigando a perdoar, a aceitar, a esquecer. A conviver com o que quase não dá para se conviver.

(E, enquanto pensava tudo isso, ela nem sabia que, mais uma vez, estava sendo traída.)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Parada e transição

Começou com o banho de sol. Queimando, aquecendo, energizando.

Aí foi o choro. Até a última gota, pra acabar e não voltar.

Filmes.

Banho de chuva. Limpando, levando, refrescando.

Família, fundamental.

Cabelo. Mudando, encurtando, colorindo...

Lisístrata. Turma nova, primeira montagem. E como isso foi importante... Ter, de novo, aquela energia da primeirona, aquela empolgação. E, ao mesmo tempo, perceber o quanto as coisas mudam em tão pouco tempo, entre a primeira e a quarta. Dimensão exata da evolução. Incrível!

Almoço e passeio pelo shopping.

Chicago. Bacana, lição de produção.

Conversa extremamente importante pelo MSN (e, talvez, a pessoa nunca saiba o qto foi importante naquele momento).

Ensaio. Com as pessoas incríveis.

Aula. Com as pessoas incríveis.

A decepção de ter pouco do texto de Woody Allen cede lugar à possibilidade – rara, se não for única – de encenar meu próprio texto. Qtas pessoas farão Woody Allen esse semestre? Só na minha turma, 15. E qtas farão seu próprio texto? Eu...

Sorvete, nhami.

Relaxamento na aula mais chata, pra ficar tudo perfeito.

Pefffinha excelente do ex-diretor querido, que agora tem cabelos loucos.

A balada não rolou, mas o karaokê, sim. E foi muito melhor. Lá estavam, de novo, pessoas incríveis. E a gente riu, riu, riu, riu... Noite fabulosa!

Total eclipse of the heart se torna minha música oficial de karaokê. Fato.

Turn around...

E KLB no karaokê é... vida! Devolva minhas fantasias... devolva meu ar.

Feriado no Ibirapuera, o parque da infância.

Ler Lisístrata na sombra de uma árvore, sentindo o ventinho...

Comer cachorro-quente na floresta encantada dos emos...

Passear no fim do dia...

Pra encerrar, conversa pra acertar. Pra consertar, pra retomar. E pra que eu descobrisse que o que importa, não muda. Mesmo.

De bônus, mexicano com os melhores mackenzistas ever, numa terça chuvosa.

É...

Feriado da independência.

Realmente.